I Seminário

Chamada de Artigos

O tempo sente-se, constrói-se e administra-se. O tempo é vivido, experimentado e manipulado. O tempo, a duração, os ritmos são objeto de acção política e também recolhem valores e simbologias próprias dos contextos, ambientes, organizações e populações que os circunscrevem. Nas sociedades modernas, as transformações nos modos de uso, representação e valorização do tempo atingem as estruturas mais profundas da atividade humana e institucional, manifestando-se de múltiplas formas nas tomadas de decisão, na organização e planificação institucional, nas interacções e na construção das identidades individuais e colectivas.

Vários dos objectos de estudo nas ciências sociais e humanas incluem a problematização do tempo, enquanto elemento central da experiência social. Hoje, a análise dos fenómenos temporais e das mudanças nas temporalidades retoma debates sobre formas de legitimação e de justificação política e estende-se desde as
esferas mais imediatas da vida quotidiana (expressas pelo tempo de trabalho e pelo de lazer), até às temporalidades megas sociais, relacionadas com o questionamento da relação entre o mundo natural e o mundo social, a reprodução, a mudança e a persistência.

Este seminário tem como objetivo proporcionar o debate sobre a diversidade dos tempos e das temporalidades sociais, perspectivando, por um lado, a coexistência de múltiplas temporalidades, por outro, uma análise dos modos de intervenção institucional e política que caracterizam os universos de acção contemporâneos.
As temáticas a incluir no seminário terão um carácter abrangente, sendo possível acolher propostas de várias áreas disciplinares e em diversos formatos, incluindo performances, desde que contemplem o tempo, a temporalidade e a duração como objecto principal de análise.

Alguns exemplos de temáticas que reunimos para este debate são apresentados a seguir.
1. Compressão espácio-temporal
2.  Media, tempo e tecnologia
3. Tempo na Economia e a economia do tempo
4. Tempo e Direito. Tempo e Justiça.
5. Temporalidade (da) política, encenação e media
6. Reprodução, planeamento e previsão
7. Horizontes temporais, identidade e biografia
8. Linguagem, corpo, espaço e discurso
9. Sistemas, organizações e tempo
10. Tempo, calendário e símbolo
11. Utopia e tempo

Os resumos, com um limite de 300 palavras para comunicações orais, posters ou performance, devem ser enviados para a organização da conferência até ao dia 25 de julho, usando o endereço: temposocial2012@gmail.com

Inscrição (inclui certificado de participação):
Público em geral:10 euros;
estudantes entrada livre.

Contactos:
Comissão Organizadora do Seminário Os tempos sociais e o mundo contemporâneo
Instituto de Ciências Sociais
Universidade do Minho (Campus Gualtar)
4710-057 Braga
temposocial2012@gmail.com

Comissão Científica:
Eduardo Duque (CICS/Univ. Minho)
Emília Araújo (CECS/Univ. Minho)
Helena Sousa (CECS/Univ. Minho)
Jean-Marc Ramos (Univ. Montpellier)
Manuel Carlos Silva (CICS/Univ. Minho)
Maria-Helena Augusto (Programa de pós-graduação Programa de Pós-Graduação
em Sociologia – FFLCH – Universidade de São Paulo)
Maria Johanna Schouten (CICS/Univ. Minho e CES/Uni. Beira Interior)
Moisés Martins (CECS, Univ. Minho)
Mónica Franch (Programa de pós-graduação Programa de Pós-Graduação em
Sociologia – FFLCH – Universidade de São Paulo)

Organização:
Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade
Centro de Investigação em Ciências Sociais
Núcleo de Estudantes do Curso de Sociologia da Universidade do Minho

Apoios
Associação Portuguesa de Estudos do Tempo e Sociedade
Heidi Martins e Joana Brandão

E-book
No âmbito do seminário, organiza-se um e-book com todas as comunicações apresentadas.
As normas para a sua redação devem ser solicitadas para temposocial2012@gmail.com

As inscrições para os seminário fazem-se através de um formulário online disponível aqui.
Após o preenchimento dos campos disponíveis, basta submeter o formulário para a inscrição ficar registada.
 
Inscrição
Lembramos que os preços da inscrição são os seguintes:
- 10 € para o público em geral;
-  Entrada livre para estudantes.
O pagamento é feito no recepção do evento, junto do secretariado.
Para mais informações, contacte por favor, a organização (temposocial2012@gmail.com).
Notas Biográficas

SESSÃO 1
OS TEMPOS SOCIAIS E O MUNDO CONTEMPORÂNEO

Timescapes and Futurescapes: conceptual innovation for social time analysis
BARBARA ADAM (UNIV. CARDIFF)
Barbara Adam is Emerita Professor a tCardiff University’s School of Social Sciences. The social temporal has been her intellectual project throughout her academic career, resulting in five research monographs and a large number of articles in which she sought to bring time to the centre of social science analysis. This focus has given her a unique perspective on social and socio-environmental issues. On the basis ofthis agenda-setting work she has been awarded several social theory-based ESRC Fellowships and grants. As part of this commitment to the social temporal she founded  the journal Time & Society, a flourishing  journal which she edited for ten years and has been supporting as Consulting Editor ever since.

Tempo, economia e globalização
RAFAEL MARQUES (ISEG/UTL)
Professor Auxiliar – Departamento de Ciências Sociais – Instituto Superior de Economia e Gestão – UTL
Investigador do SOCIUS
Áreas de Investigação: Sociologia da Moral, Sociologia Económica e Financeira

SESSÃO 2
SISTEMAS DE TEMPO

Time as a determinant of the organizational change, a structurationist approach for a case study
PAUL PEIGNÉ (UNIV. NANTES – FRANÇA)
Status: Phd student at University of Nantes, France
- 2011 – present: Lecturer at University of Angers; Educational      Institution; Research industry
Teaching activities in management and business administration;      subjects taught: strategy, international marketing, financial      management.
- 2007 – 2011: Teaching assistant at Ecole des Mines, Nantes;      Educational Institution; Research industry
Teaching activities in management and business administration, subjects taught : corporate and business culture, financial management, audit and management control, strategy.
- 2001 – 2005 : Legal auditor at Deloitte & Touche; Privately Held; Management Consulting industry
Legal audit practices for different economic sectors: industrial, services, trading and financial (deposit bank, mutual      funds, stock exchanges and risk investment).
Additional experiences in specific missions : information systems audit, acquisition or merger evaluations.
Research areas: organizational studies, change theories, temporalities, time.

Tempo e crime
PAULA MARTINS (UNIV. MINHO)

Tempo, sociedade e trabalho
DURÁN VÁZQUEZ (UNIV. VIGO)
Profesor de Sociología Universidad de Vigo
Doctor y Licenciado en Sociología, Licenciado en Ciencias Políticas y en Geografía e Historia
Áreas de investigación: Sociología del Trabajo y del Consumo, Sociología del tiempo, Sociología de la Educación, Teoría Sociológica.
Interesado en los procesos de crisis, legitimación, integración, y construcción de nuevas disciplinas en los ámbitos antes citados.

El Sistema: a Subjectivity of Time
GUSTAVO BORCHERT (UNIV. GLASGOW)
Gustavo Borchert is a postgraduate researcher at the University of Glasgow working towards a Masters of Research in Musicology. He holds a Masters in Psychology from the Universidade Federal Fluminense (2010) and a B.F.A. in Performance from the New School University (2000). His research interests are: the symphony orchestra as a contemporary institution, the roles of space-time, body, intuition and imagination in music performance, their contribution to musical meaning, as well as how they are perceived within the context of contemporary capitalism. His current work focuses on Sistema Scotland, the implementation of Venezuelan program El Sistema in the community of Raploch.

Tempus fugit: o tempo e a inevitabilidade da morte
MAFALDA FRADE (Centro de Linguística – UNIV. NOVA DE LISBOA)
Licenciada em Português, Latim e Grego pela Universidade de Aveiro e Doutorada, em Literatura, pela mesma Universidade. É ainda Mestre em Ciências da Linguagem pela Universidade Nova de Lisboa, onde desenvolve, presentemente, a sua investigação, sendo membro do Centro de Linguística (CLUNL) da mesma Universidade.

SESSÃO 3
EXPRESSÃO DE TEMPO

A aceleração da paragem: a configuração mediática do tempo à luz da experiência estética
CARLOS MACHADO (UNIV. COIMBRA)

Cólera e tempo presente
EMÍLIA PEREIRA (UNIV. MINHO)

A sociedade de consumo e a crise ambiental
EDIANNY LIMA DA SILVA (UNIV. MINHO)

A história e a atualidade da compreensão do tempo e do espaço
SELMA VENCO (UNIV. METODISTA DE PIRACICABA)

SESSÃO 4
TEMPOS EMERGENTES

Disjunções temporais entre justiça e média
FILIPE SANTOS (UNIV. MINHO) E HELENA MACHADO (UNIV. MINHO)

Perpetuidade dos corpos na rede
ALBERTINO GONÇALVES (UNIV. MINHO) E ESMERALDA TAUBER (UNIV. MINHO)
Esmeralda Tauber
 é licenciada em Sociologia, com MBA em Gestão de Recursos Humanos, doutoranda da área de comunicação da Universidade do Minho, CECS. Tem desenvolvido experiencia pratica internacional na área de intervenção organizacional, na área de comunicação e gestão de pessoas. Tem desenvolvido interesses e feito publicações na área de cultura organizacional, corpo, conhecimento. Atualmente tem como foco de investigação a publicidade de consciencialização.

O uso dos novos media e a redefinição de tempos e espaços em contexto rural
ANA MELRO (UNIV. AVEIRO e CETAC. MEDIA) E LÍDIA OLIVEIRA (UNIV. AVEIRO e CETAC. MEDIA)
Ana Melro é aluna do doutoramento Informação e Comunicação em Plataformas Digitais, na UA e na FLUP. Pertence ao CETAC.MEDIA e é bolseira de investigação na Escola de Engenharia, da UM. É licenciada em Sociologia (2004) e mestre em Sociologia da Infância (2007), pela Universidade do Minho, Braga. Os interesses de investigação são: a literacia e inclusão digital, a utilização de ecrãs e as perspetivas socio-históricas da apropriação dos novos media.

Lídia Oliveira é Professora Auxiliar com Agregação da UA. Licenciada (1991) em Filosofia pela UC, mestre (1995) em Educação Tecnológica pela UA, Valenciennes (França) e Mons (Bélgica) e doutorada (2002) em Ciências e Tecnologias da Comunicação também pela UA. Os seus interesses de investigação concentram-se na sociologia da comunicação, novos media, ecologia dos media e cibercultura. Investigadora no CETAC.MEDIA e no CES.

Temporalidade e combate à corrupção
ELENA BURGOA (FACULDADE DE DIREITO – UNIV. NOVA DE LISBOA)
Jurista. Mestre em Ciências Jurídico-Criminais pela FDL e doutoranda na Faculdade de Direito da Universidade Nova (FDUNL).
É membro do Centro de Investigação & Desenvolvimento sobre o Direito e Sociedade (CEDIS) – FDUNL.
Áreas prioritárias de interesse científico e de investigação: crimes de corrupção, criminalidade económica, e crime e sociedade, designadamente os crimes praticados por categorias específicas de autores ou grupos coletivos.

SESSÃO 5
CATEGORIAS DE TEMPO

Tempos, contratempos e passatempos: investigando práticas e sentidos do tempo entre jovens de grupos populares
MÓNICA FRANCH (UNIV. FEDERAL DA PARAÍBA – BRASIL)
Professora Adjunta dos Programas de Pós-Graduação em Antropologia e em Sociologia da Universidade Federal da Paraíba. Doutora em antropologia pelo IFCS/UFRJ. Atualmente, é vice-coordenadora do PPGA/UFPB e editora da Revista de Ciências Sociais – Política & Trabalho. Atua nas temáticas de tempo, juventude e antropologia da saúde.

O tempo das crianças e as crianças deste tempo
ALBERTO NÍDIO SILVA (UNIV. MINHO)
Mestre e Doutor em Estudos da Criança, especialidade de Sociologia da Infância, pela Universidade do Minho.
Investigador do CIEC-Centro de Investigação em Estudos da Criança, do Instituto de Educação, da Universidade do Minho.
Trabalha as culturas da infância, com particular enfoque na cultura lúdica e no folclore infantil de que, historicamente, se tem alimentado.

Tempo da juventude ou juventude além do tempo?
EDMARA DE CASTRO PINTO (UNIV. MINHO)

O tempo nas aulas de matemática: os professores de matemática do ensino secundário ensinam no tempo e não com o tempo
NUNO VIEIRA (UNIV. LUSÓFONA DE HUMANIDADES E TECNOLOGIAS)

SESSÃO 6
ESPAÇOS DE TEMPO

Quando os corpos não se vêem
ESMERALDA TAUBER (UNIV. MINHO) E LUZIA PINHEIRO (UNIV. MINHO)
Luzia Pinheiro, licenciada e mestre em Sociologia é doutoranda em Comunicação na Universidade do Minho com o tema “Cyberbullying e cyberstalking”, contando com o apoio da FCT (SFRH/BD/62013/2009). É também investigadora no CECS sendo os seus principais interesses investigativos: sociologia da violência e das emoções, comunicação patológica, cibercultura e comunicação, bullying, cyberbullying e mobbing.
Esmeralda Tauber é licenciada em Sociologia, com MBA em Gestão de Recursos Humanos, doutoranda da área de comunicação da Universidade do Minho, CECS. Tem desenvolvido experiencia pratica internacional na área de intervenção organizacional, na área de comunicação e gestão de pessoas. Tem desenvolvido interesses e feito publicações na área de cultura organizacional, corpo, conhecimento. Atualmente tem como foco de investigação a publicidade de consciencialização.

Da orfandade: histórias de vida e transformação psicossocial
JUDITE ZAMITH CRUZ (UNIV. MINHO)
Doutorada em psicologia, mestre em educação e mestre em filosofia, docente no Instituto de Educação da Universidade do Minho, investiga a linguagem em contexto de jovens e idosas, questões de sexualidade, amor e género, com métodos de Análise de Discurso, Histórias de Vida e Gronded Theory. No domínio do quotidiano na infância, utiliza técnicas de análise de desenho, interessando-se por criatividade, sobredotação e perturbações associadas como a síndrome de Asperger.

Alimentação e tempos sociais
PAULA MASCARENHAS (UNIV. MINHO)

Os tempos sociais rurbanos: múltiplos horizontes temporais, uma só linha temporal
PAULO R. BARONET (SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE CASTRO DAIRE)
Natural de Viseu é licenciado e mestre em Sociologia pela Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra. Nos últimos 5 anos tem dado ênfase ao estudo do despovoamento das regiões do interior. Atualmente é sociólogo na Santa Casa da Misericórdia de Castro Daire onde coordena um estudo sociológico sobre os cuidados informais a pessoas portadoras de doença de Alzheimer.

Identidade e imagem institucional nos tempos da hospitalidade pública de Ouro Preto
RONALDO MENDES NEVES (UNIV. FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE – BRASIL)
Professor efetivo do departamento de Comunicação Social da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Graduadoem Comunicação Social (Publicidade e propaganda), com pós-graduação na Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM/RJ) e mestre em administração (UFRN). Coordenador dos Projetos em Gestão da Empreendedora da Comunicação, Propaganda Responsável e Programa Teatro para TV. Membro da base de pesquisa COMÍDIA (comunicação, cultura e mídia).
Doutorando – Programa de Pós-graduação em Administração (PPGA). Mestrado em Administração  (Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 2006). Pós-Graduação em Marketing  (Escola  Superior de Propaganda e  Marketing  - RJ, 1995).  Bacharelem  Comunicação Social- Habilitação: Publicidade e Propaganda (Faculdade de Comunicação Hélio Alonso – RJ, 1993).

SESSÃO 7
MESA REDONDA “DIÁLOGOS DE TEMPO E MUDANÇA SOCIAL”

Contexto, trajetórias e vida – trabalho no Nordeste do Brasil
MÁRCIO SÁ (UFPE)
Doutorando em Sociologia no Instituto de Ciências Sociais (ICS) da Universidade do Minho e professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE-Brasil). É autor dos livros “Sobre Organizações e Sociedade”,”O homem de negócios contemporâneo”, “Feirantes: Quem são e como administram seus negócios” e “Frutos do Agreste: Sobre ensino e pesquisa em Administração”.

Socialização e condicionantes em transição em uma comunidade pesqueira artesanal Brasileira
DENISE HOSANA DE SOUSA MOREIRA (UNIV. ESTADUAL DO PIAUÍ/ UNIV. MINHO) 

Ensaio sobre a comunicação na área da saúde: diagnóstico por imagem em discussão
RAFAEL SOARES LEMOS (HOSPITAL DAS CLINICAS SAMUEL LIBANIO, POUSO ALEGRE, BRASIL); WILDA SOARES LEMOS (CAPES, DISTRITO FEDERAL, BRASIL) E THIAGO VILELA LEMOS (UNIV. ESTADUAL DE GOIÁS, GOIÂNIA, BRASIL)

Quotas for men in university: breaking the stereotype in european union law and swedish law
ANTÓNIA MARTIN BARRADAS (UNIV. UPPSALA – SUÉCIA)

Transgender persons and family life: the issues of sterilisation and loss of child custody rights
MARTA PALLOS DE AZEVEDO PASCOAL RAMOS (UNIV. LUND – SUÉCIA)

Programa

09 de julho de 2012

Abertura
09h30 

Reitor da Universidade do Minho
Presidente do Instituto de Ciências Sociais
Director do Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade
Director do Centro de Investigação em Ciências Sociais

Sessão 1 – Os Tempos Sociais e o Mundo Contemporâneo
10h00 – 13h00
Moderador: Emília Araújo (UNIV. MINHO) e Eduardo Duque (CICS-UM e UCP)

Timescapes and Futurescapes: conceptual innovation for social times analysis
BARBARA ADAM (UNIV. CARDIFF)

Intervalo

Uma crítica ao tempo presente
MOISÉS MARTINS (UNIV. MINHO)

O tempo e as ciências humanas
MANUEL CURADO (UNIV. MINHO)

A espera e os estudos sociais do tempo e sociedade
EMÍLIA ARAÚJO (UNIV. MINHO)

Tempo, economia e globalização
RAFAEL MARQUES (ISEG/UTL)

Almoço
13h00 

Sessão 2 – Sistemas de Tempo
14h30 – 17h00
Moderador: Manuel da Silva e Costa (UNIV. Lusíada/CICS)

Time as a determinant of the organizational change, a structurationist approach for a case study
PAUL PEIGNÉ (UNIV. NANTES – FRANÇA)

Tempo e crime
PAULA MARTINS (UNIV. MINHO)

Tempo, sociedade e trabalho
DURÁN VÁZQUEZ (UNIV. VIGO)

El Sistema: a Subjectivity of Time
GUSTAVO BORCHERT (UNIV. GLASGOW)

Tempo e História
FRANCISCO MENDES (UNIV. MINHO)

Tempus fugit: o tempo e a inevitabilidade da morte
MAFALDA FRADE (Centro de Linguística - UNIV. NOVA DE LISBOA)

Intervalo

Sessão 3 – Expressão de Tempo
17h30 – 20h00
Moderador: Francisco Mendes* (UNIV. MINHO)

Contributos para uma crítica das teses da aceleração moderna
JOSÉ BRAGANÇA DE MIRANDA (FCSH/ UNIV. NOVA LISBOA)

A aceleração da paragem: a configuração mediática do tempo à luz da experiência estética
CARLOS MACHADO (CLP/ UNIV. COIMBRA)

Sorry, no time for conversation! – Acceleration in contemporary world
JANA HOFMANN (UNIV. ERFURT/THURINGIA)

Cólera e tempo presente
EMÍLIA PEREIRA (UNIV. MINHO)

A sociedade de consumo e a crise ambiental
EDIANNY LIMA DA SILVA (UNIV. MINHO)

A história e a atualidade da compreensão do tempo e do espaço
SELMA VENCO (UNIV. METODISTA DE PIRACICABA) 

Projeção e Comentário de Filme
21h30
 EMÍLIA PEREIRA*, HEIDI MARTINS e EDUARDO DUQUE

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10 de julho de 2012

Sessão 4 – Tempos emergentes
09h00 – 11h00
Moderador: Mónica Franch (UNIV. FEDERAL DA PARAÍBA – BRASIL)

Disjunções temporais entre justiça e média
FILIPE SANTOS (UNIV. MINHO) E HELENA MACHADO (UNIV. MINHO)

Perpetuidade dos corpos na rede
ALBERTINO GONÇALVES (UNIV. MINHO) E ESMERALDA TAUBER (UNIV. MINHO)

Metamorfoses visuais: o tempo no retrato fotográfico
ALINE SOARES LIMA (UNIV.MINHO) E CATARINA BASSO (UNIV. MINHO)

O uso dos novos media e a redefinição de tempos e espaços em contexto rural
ANA MELRO (UNIV. AVEIRO e CETAC. MEDIA) E LÍDIA OLIVEIRA (UNIV. AVEIRO e CETAC. MEDIA)

Temporalidade e combate à corrupção
ELENA BURGOA (FACULDADE DE DIREITO – UNIV. NOVA DE LISBOA)

As transformações temporais e as suas consequências sociais: uma análise
RENATA NECCHI (UNIV. FEDERAL DE PELOTAS – BRASIL)

Intervalo

Sessão 5 – Categorias de Tempo
11h15 - 13h00
Moderador: Carmen Araújo (CPCJ Famalicão)

Tempos, contratempos e passatempos: investigando práticas e sentidos do tempo entre jovens de grupos populares
MÓNICA FRANCH (UNIV. FEDERAL DA PARAÍBA – BRASIL)

O tempo das crianças e as crianças deste tempo
ALBERTO NÍDIO SILVA (UNIV. MINHO)

Tempo da juventude ou juventude além do tempo?
EDMARA DE CASTRO PINTO (UNIV. MINHO)

O tempo nas aulas de matemática: os professores de matemática do ensino secundário ensinam no tempo e não com o tempo
NUNO VIEIRA (UNIV. LUSÓFONA DE HUMANIDADES E TECNOLOGIAS)

Tempo e género
MARIA JOHANNA SCHOUTEN (UNIV. BEIRA INTERIOR)

 Almoço
13h00

Sessão 6 – Espaços de Tempo
14h30 - 17h00
Moderador: Eduardo Duque (CICS-UM e UCP)

Quando os corpos não se vêem
ESMERALDA TAUBER  (UNIV. MINHO) E LUZIA PINHEIRO (UNIV. MINHO)

Da orfandade: histórias de vida e transformação psicossocial
JUDITE ZAMITH CRUZ (UNIV. MINHO)

Alimentação e tempos sociais
PAULA MASCARENHAS (UNIV. MINHO)

Os tempos sociais rurbanos: múltiplos horizontes temporais, uma só linha temporal
PAULO R. BARONET (SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE CASTRO DAIRE)

Identidade e imagem institucional nos tempos da hospitalidade pública  de Ouro Preto
RONALDO MENDES NEVES (UNIV. FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE – BRASIL)

Relações de gênero e usos do tempo vivenciados por enfermeiras e enfermeiros a partir do trabalho no hospital
AUDREY VIDAL PEREIRA (UNIV. FEDERAL FLUMINENSE); LÚCIA ROTENBERG (INSTITUTO OSWALDO CRUZ) E SIMONE SANTOS OLIVEIRA (ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA- ENSP/FIOCRUZ)

Sessão 7 – Mesa Redonda “Diálogos de Tempo e Mudança Social
Moderador: Emília Araújo (UNIV. MINHO)
17h00 - 19h00

Contexto, trajetórias e vida – trabalho no Nordeste do Brasil
MÁRCIO SÁ (UNIV. MINHO/UFPE)

Socialização e condicionantes em transição em uma comunidade pesqueira artesanal Brasileira
DENISE HOSANA DE SOUSA MOREIRA (UNIV. ESTADUAL DO PIAUÍ/ UNIV. MINHO)

Ensaio sobre a comunicação na área da saúde: diagnóstico por imagem em discussão
RAFAEL SOARES LEMOS (HOSPITAL DAS CLINICAS SAMUEL LIBANIO, POUSO ALEGRE, BRASIL); WILDA SOARES LEMOS (CAPES, DISTRITO FEDERAL, BRASIL) E THIAGO VILELA LEMOS (UNIV. ESTADUAL DE GOIÁS, GOIÂNIA, BRASIL) 

Quotas for men in university: breaking the stereotype in european union law and swedish law
ANTÓNIA MARTIN BARRADAS (UNIV. UPPSALA – SUÉCIA) 

Transgender persons and family life: the issues of sterilisation and loss of child custody rights
MARTA PALLOS DE AZEVEDO PASCOAL RAMOS (UNIV. LUND – SUÉCIA)

Encerramento
19h00
Apresentação do próximo encontro Tempos Sociais.

O tempo de arte (ARCUM e Heidi Martins)

* A confirmar

Resumos

SESSÃO 1
OS TEMPOS SOCIAIS E OS MUNDO CONTEMPORÂNEO

Timescapes and Futurescapes: conceptual innovation for social time analysis
BARBARA ADAM (UNIV. CARDIFF)

Introduction
Taking time seriously is not simply to add it on. It changes the discipline at the level of ontology, epistemology and methodology. This presents significant challenges and requires new concepts.
‘Timescapes’ Challenges
Timescapes: acknowledges spatiality & materiality but foregrounds the temporal side of interdependency.
Time frame – what? – bounded, beginning & end, day, year, life time, generation, historical/geol. epoch
Temporality – how? – process world, internal to system, ageing, growing, irreversibility, directionality
Timing – when? – synchronisation, co-ordination, right/wrong time,
Tempo – how fast? – speed, pace, rate of change, velocity, intensity or how much in given timeframe
Duration – how long? – extent, temporal distance, horizon: no duration = instantaneity, point/moment
Sequence – what order? – succession, priority: no sequence = simultaneity, at same time
Temporal Modalities – when? – past, present and future
When several of these elements are brought together we begin to see patters: rhythmicity & cyclicality etc.
However, whether we see cycles of repetition or linear succession is relative to framework of observation.
timescapes perspective involves understanding relationships, interdependencies and embeddedness, as well as connecting process to structures. Importantly, it cross-cuts the conventional dualisms of linear vs. cyclical, public vs. private, objective vs. subjective time
 ‘Futurescapes’ Challenges
Everything we do is embedded in a socio- historical past and projects into a socio-environmental future:

  • Futures are created continuously, across the world and produced by the full range of social institutions.
  • The future therefore constitutes an inescapable aspect of social and cultural existence.
  • As one of the modalities of time the future is an integral part of timescape and just like in a hologram or fractal, the part encompasses the whole, replicates its key features.
    As part of timescape the future is
  • Bounded by Time frames – day, year, life time, generation, historical or geological epochs, etc;
  • Encompasses Temporality – process world internal to system, irreversible directionality to open future;
  • Includes Timing – the synchronisation, co-ordination of plans and projected outcomes;
  • Relates to Tempo– speed, pace, rate of change, velocity, intensity of processes: projected & in progress;
    • Also to  Duration – the extent, temporal distance and future horizon;
    • And to Sequence –order, succession and prioritising of plans, their activation and their effects;
    • As Temporal Modalities – the future is fore-grounded but informed and constituted by past and present.

Here it matters how modalities are combined: past future or future past, present future or future present.

  • When the future is fore-grounded yet implicates all other temporal features it becomes a futurescape.

Need to ask further ‘What kind of entity is the future?’ Is it real, ideal, im/material, in/visible, embodied or abstracted? Answers to this question will determine epistemology, methodology, results, even ethics.
Thus, assumptions, questions & framings should form part of the analysis and be made explicit in findings.
Importantly, futures not merely an aspect of mind/imagination but also world of deeds under way – not yet materialised as symptoms or congealed into matter, thus marked by latency and immanence. These process futures are set in motion by socio-political, legal, scientific, economic and everyday enacting practices, producing layers and layers upon layers of past and present futures as well as future presents and pasts.
Standpoint/perspective affects whether future is approached from standpoint of present as present future or from standpoint of future as future present, each with different action potential. From the position of present future the future as mine to shape and create. Present future is the position taken daily in economic, political and institutional future-making practice. From position of future present, in contrast, I know myself to be acting and trespassing in the rightful domain of others, borrowing from the future present of successor generations. From the standpoint of future present, therefore, shaping the future is an inescapably socio-political act, which belongs to the realm of morals and ethics. There can be no scientifically objective/neutral trespassing on the future present of others or borrowing from successors. Importantly, the standpoint of future present facilitates recognition that we are responsible for time-space distantiated effects of in/actions in progress that will materialise some time, somewhere.

 

SESSÃO 2
SISTEMAS DE TEMPO

Time as a determinant of the organizational change, a structurationist approach for a case study
PAUL PEIGNÉ (UNIV. NANTES – FRANÇA)
In a globalized and complex economic space, many organizations now need to change to adapt to the constraints as demanding as unforeseeable of their environments.
In many cases, minimize the change period is supposed to preserve or to obtain a specific advantage. However, is this continuous acceleration of the change always justified with the glance as of incurred risks? Beyond the followed goal, doesn’t this continuous rationalization expose the organization for other effects only those considered?
In the Aristotle’s philosophy, time being the corollary of the concept of movement, in the purpose to perceive the role of organizational time in order to allow a new comprehension of its methods and challenges, we propose to regard the organizational change as a movement and to study the effects of its preparation and of the rhythm of its deployment.
In many cases, change seek a rationalization of daily activities, however the unreasoned search of optimization of time is able to cause some unexpected effects which can annihilate all change efforts with a significant degradation of organization efficiency.
To illustrate our matter, we will present the case study of a company whose constraints of markets encouraged it to deploy a set of organizational changes in order to rationalize the whole of its operational processes. In this way, any operational or managerial action is now realized with a maximum efficiency, even the operations in charge of the change. This practice, unquestionably effective on the strict productive level, however was deployed according to a calendar itself rationalized. Deprived of the time necessary to the dialog and the accompaniment, little by little paradoxical injunctions, psychosocial dysfunctions and organizational disorders developed recalling to all “that a community exists only around one common relation worthy of time” (Mauss & Beuchat 1904), “temporal reference without which there would be only chaos” (Evans-Pritchard &
Panoff 1969).

Tempo e crime
PAULA MARTINS (UNIV. MINHO)
O núcleo semântico da noção comum de justiça é indissociável da relação de contingência entre um facto reconhecido e as suas consequências. Neste sentido, o tempo constitui não só uma dimensão vetorial e operacional da materialização da justiça, mas também substantiva, modulando a sua compreensão.
No domínio da Justiça Criminal, o tempo que medeia entre o crime o castigo condiciona a eficácia objetiva e simbólica das penas, com implicações ao nível dos mecanismos de regulação do fenómeno criminal (contenção, dissuasão e prevenção) e da sua tolerância social, assim como do reconhecimento e validação das instâncias de controlo, criando condições favoráveis à emergência de disfuncionamentos geradores de fenómenos de vitimação e de criminalização secundárias. A contingência temporal assume-se assim como um imperativo da Justiça, socialmente reclamado e teórica e empiricamente fundamentado.

Tempo, sociedade e trabalho
DURÁN VÁZQUEZ (UNIV. VIGO)
En el trabajo que a continuación se resume se describen las representaciones del tiempo construidas por las principales instituciones políticas y empresariales desde la década de los años 80 del siglo pasado. En particular, se analizan los discursos que han defendido las élites del denominado managament y de otras instituciones políticas internacionales, tales como la OCDE o la UE. Desde nuestra perspectiva, estos discursos se han desarrollado en el contexto de la crisis del modelo de producción fordista y la emergencia del postfordismo, caracterizado por una mayor flexibilidad y precariedad laboral. Su propósito es legitimador e integrador, por cuanto pretenden justificar la nueva realidad existente y al mismo tiempo motivar a los sujetos para que se integren en ella, contribuyendo así a fortalecer la actual ética del trabajo. Desde este punto de vista, estos discursos presentan a nuestro entender dos dimensiones del tiempo. Una subjetiva, que apela constantemente a la motivación y a la movilización de los sujetos, y en la que el tiempo es presentado como una oportunidad para su activación y su realización. La otra más objetiva y disciplinaria, creando un escenario en donde el tiempo se impone como una realidad inexorable a la que no tienen más remedio que someterse los sujetos.

El Sistema: a Subjectivity of Time
GUSTAVO BORCHERT (UNIV. GLASGOW)
What can the new instrumental use of Western classical music performance tell us about the politics of time in the current cultural dynamic? The proposed paper shall discuss the program for social inclusion El Sistema, and its pedagogical model primarily focused on the symphony orchestra, as an institutional tool for disciplining the subjective experience of time.
The dynamic set by rapid industrialization during the first half of the nineteenth century in Western Europe yielded the emergence of new institutional forms that eventually spread to other parts of the world. Whereas being materializations of the rhythm of modernity, such institutional forms dialectically functioned as instruments to reinforce a social rationality based on the modern linear perception of time. From this same dynamic, the symphony orchestra arose as an artistic institution that would transcend other deep cultural changes yet to come.
At the dawn of globalization, an idea took the orchestra from the limits of the bourgeois theatre to the complex reality of South American slums: to fight the devastating consequences of social exclusion in urban impoverished areas with music programs  focused on the collective practice of the symphonic ensemble. Idealized by the economist and passionate music practitioner José Antonio Abreu, El Sistema has been unanimously legitimated by world institutional powers. In the recent years, over 25 countries, from ‘First World’ economies to ‘developing’ ones, have adopted the program.
According to Abreu, El Sistema ‘(…) must in no way be understood as something static; it is a dynamic structure, one in a constant state of flux, adapting to the ever-changing circumstances of the modern world.’ This paper shall critically address El Sistema’s socially inclusive character by analyzing its pedagogical proposal vis-à-vis the subjectivities of time rationality in pre-World War II modernist performance.

Tempus fugit: o tempo e a inevitabilidade da morte
MAFALDA FRADE (Centro de Linguística – UNIV. NOVA DE LISBOA)
Com a presente investigação, pretendemos refletir sobre a forma como a sociedade tem vindo a lidar, desde os fins do século XIX até à presente data, com a inevitabilidade da morte e a relação que se estabelece entre esta circunstância e a passagem do tempo. De facto, se a condição da mortalidade tem gerado angústias e temores em quem parte, pelas circunstâncias de mistério e incerteza que arrasta consigo, em quem fica provoca sentimentos variados, relacionados, entre outros, com o tempo. Estes sentimentos são frequentemente exprimidos num tipo específico de texto – o epitáfio – que é propenso a patentear as ideias que a sociedade revela sobre a morte. Essa é a razão por que, a nível da expressão de sentimentos relacionados com a temporalidade, encontramos inscrições tumulares que refletem a noção da brevidade da vida, a diferença entre a certeza da finitude e a esperança da eternidade, a vontade de esperar por um reencontro, etc. Esta situação reveste-se de especial interesse para a Sociolinguística, na medida em que nos permite verificar a forma como a sociedade expõe, a nível da língua, as suas angústias e esperanças relativas à inevitabilidade da separação dos entes queridos que a passagem do tempo acarreta. Assim sendo, com este estudo pretende-se investigar a forma como a questão da passagem do tempo face à morte é tratada a nível da língua portuguesa, nomeadamente no que diz respeito à forma como as pessoas encaram esta circunstância em épocas de luto. Para atingirmos este nosso objetivo e sustentarmos o nosso estudo, analisaremos diversos textos de epitáfios recolhidos em cemitérios distribuídos por várias capitais de distrito de Portugal Continental, que resultaram num corpus de algumas centenas de inscrições tumulares relevantes, cuja datação abarca o período compreendido entre 1836 e a atualidade.

SESSÃO 3
EXPRESSÃO DE TEMPO

A aceleração da paragem: a configuração mediática do tempo à luz da experiência
estética
CARLOS MACHADO (UNIV. COIMBRA)
Jean Baudrillard, na sua obra A lusão do Fim ou a Greve dos Acontecimentos (1992), refletindo sobre a espantosa facilidade com que se assistiu à queda do Muro de Berlim, concluiu que, num universo mass-mediatizado, a proliferação infindável de informação  conduz a uma experiência de tempo nova, em que a própria conceção de História sofre uma paradoxal mutação epistemológica. Com efeito, segundo o mesmo, com a instantaneidade da informação, já não existe tempo para a História em si mesma. Por outras palavras, a conclusão a que Baudrillard chega é a mesma do filósofo Gianni Vattimo, em A Sociedade Transparente (1989), quando defende que a universalização da História tornou a História Universal impossível.
O objetivo desta comunicação é problematizar esta nova forma de temporalidade histórica causada pela acumulação incessante de informação, que, em vez de definir com clareza o ritmo de desenvolvimento e a velocidade de transformação das sociedades pós-modernas, conduz a novas formas de cegueira, causadas pelo excesso de visibilidade dos acontecimentos.
Esta questão teórica será ilustrada com a apresentação de uma experiência artística que, por sua vez, revelará de que modo a fruição estética se pode constituir como prática crítica, capaz de problematizar a realidade pelo distanciamento criado, no interior do sujeito, entre si e o mundo que o rodeia. Esta experiência artística é da autoria de António Gonçalves, artista plástica e diretor artístico da Fundação Cupertino de Miranda, que, durante um ano, reproduziu em vários formatos as capas dos jornais diários, reconfigurando-os de acordo com a sua interpretação pessoal, de forma a dá-los a conhecer num contexto distinto, passados três anos, como representação diferida em regime de acumulação de imagens, obrigando os espetadores a re-hierarquizar todos os quadros de valores sobre os quais assentaram toda a sua experiência do tempo e dos acontecimentos.

Cólera e tempo presente
EMÍLIA PEREIRA (UNIV. MINHO)
O título da presente proposta de comunicação deixa ver a influência de Sloterdijk (2006). O enquadramento conceptual e civilizacional é o de movimentos sociais que reivindicaram histórica e recentemente a dignidade do sujeito.
Tal menção explícita ao orgulho humano teve manifestações literárias que coincidem com o berço civilizacional grego, na Ilíada, designadamente. Contudo, o referido testemunho não é senão a forma pela qual o filósofo se vem a propor ler, de modo pleno, idêntico valor guerreiro de que movimentos, modelos, ideias e ruturas se reclamaram.
Em linha analógica de investigação, é refutada a análise assética pela consciencialização de que a pesquisa provém de um dado sujeito inserido num dado tempo. Logo, o pathos do tempo presente da sociedade ocidental europeia é o cenário diagnosticado perante o qual se formula a indagação de como se representa linguística e discursivamente a crise (quer seja entendida, de modo liminarmente objetivo, como económica, quer se prefigurem novas vigências ou transições paradigmáticas). Precisamente, perscrutar o tempo atual, feito de publicações assinadas e autorizadas, que não se podem deixar de associar a uma “aisance” correlativa de um estatuto de exceção, bem assim como de vozes mais anónimas, mas também mais pungentes, as quais vão obtendo divulgação mediática e amplificação, em espetro alargado na imprensa escrita, equivale a visar obter a sua anatomia, em “aggiornamento” da sua etiologia, ou, no quadro das ciências sociais e humanas, arqueologia.
A comunicação tem estes pressupostos e tem incidência em narrativas e opiniões ou ensaios disseminados na imprensa relativamente à especificidade dos quais se propõe a análise discursiva, que supera o assunto de que se fala, para discriminar o modo – se  colérico – pelo qual se conformam experiências e ideias. A implicação prefigurável é a de os média de referência considerados dimensionarem a crise em moldes que resta apontar.

A sociedade de consumo e a crise ambiental
EDIANNY LIMA DA SILVA (UNIV. MINHO)
A crescente degradação dos recursos naturais têm trazido para o debate crítico social as relações de consumo e o modelo de sociedade na qual estamos inseridos: a sociedade de consumo. Aborda-se neste trabalho as consequências do crescimento desordenado e da exploração continua e ilimitada dos recursos naturais para fins de atender os anseios do consumo e do capitalismo que privilegia o lucro. Despreza-se o equilíbrio harmônico da relação homem-natureza e enfatiza-se a individualização. Com o intuito de despertar o senso crítico do ser humano para um padrão de vida sustentável, através do consumo consciente e que garanta condições dignas para si e para as gerações futuras. Esta discussão justifica-se como uma proposta investigativa da maior relevância, uma vez que esta questão interfere diretamente na conscientização social e na qualidade de vida das pessoas e das comunidades.

A história e a atualidade da compreensão do tempo e do espaço
SELMA VENCO (UNIV. METODISTA DE PIRACICABA)
Este artigo tem como objetivo analisar a história e a atualidade de duas categorias analíticas centrais para a análise sociológica, quais sejam: o espaço e o tempo. O tempo no capitalismo é debatido enquanto fenômeno presente no desenvolvimento das atividades produtivas, e, também, como elemento fundamental na racionalização do processo de produção. A dimensão social do controle do tempo na sociedade capitalista é discutida sob a perspectiva da possível formação de uma nova norma temporal, diferenciada da construída no fordismo, que repercute nas relações de trabalho e sociais, bem como na vida privada. Toma-se como base a análise de tais configurações em um trabalho de tipo novo, qual seja o realizado nas centrais de chamadas, conhecido no Brasil popularmente como telemarketing. A organização do trabalho em foco estabelece ritmos de trabalho e pressão hierárquica para o aumento da produtividade, conformando condições de trabalho degradadas. São resultados evidenciados em três pesquisas realizadas que retratam a evolução desse setor produtivo: nos anos 1990 a análise privilegiou as centrais de atendimento ainda instaladas no interior das empresas, cujo foco foi o setor bancário; nos anos 2000, frente a um significativo processo de terceirização dos serviços, visando redução de custos, ampliação da competitividade e criação de grandes call centers, estes foram investigados; no final dos anos 2000, uma nova prática de terceirização começa a se instalar nos países periféricos e semiperiféricos e, portanto, nosso objeto foi o trabalho concretizado nos call centers, a partir de então, também realizado em outro idioma. Todas as pesquisas foram de caráter qualitativo.

SESSÃO 4
TEMPOS EMERGENTES

Disjunções temporais entre justiça e média
FILIPE SANTOS (UNIV. MINHO) E HELENA MACHADO (UNIV. MINHO)
No mundo judicial e na esfera mediática, o tempo é medido e experienciado de modos radicalmente distintos. Incidindo sobre um mesmo objeto, como seja um caso criminal, a periodicidade rígida, burocratizada e racionalizada do processo judicial contrasta com a lógica flexível, informal e emocionalizada da produção do discurso mediático.
Partindo de um estudo sustentado nas perspetivas de protagonistas acerca das relações
entre a justiça, esta comunicação pretende conjugar breves perspetivas teóricas com os discursos de magistrados e jornalistas, salientando a dimensão temporal inerente às respetivas trajetórias profissionais no contexto das relações entre justiça e média. O objetivo proposto é o de caraterizar e ilustrar os modos como a disjunção temporal entre justiça e média é percecionada reflexivamente pelos atores, podendo concretizar-se generalizadamente na construção das representações cidadãs acerca do sistema de justiça.

Perpetuidade dos corpos na rede
ALBERTINO GONÇALVES (UNIV. MINHO) E ESMERALDA TAUBER
(UNIV. MINHO)
Com o desenvolvimento da internet tornou-se possível qualquer pessoa se encarar como
“um artista” e publicar as suas ações, os seus conhecimentos, os seus pareceres, a sua
informação. Cada um procura ser um artista dentro de um micro cosmo social com a expectativa de se tornar um “artista global” consagrado no tempo. Todos querem ser conhecidos, perpetuar a sua imagem do momento na eternidade, expondo a sua foto pessoal junto com os conteúdos que publicam nas redes sociais. Mesmo que o intuito se limite a partilhar as fotos com os amigos, na realidade a rede não tem barreiras. Todos podem aceder à sua imagem. Fotos que servem para mostrar o lazer que vive o corpo ou
o heroísmo e proeza que o percorrem. Uma vez transferidas as imagens para a rede, existe uma espécie de cultivo de um tempo estático em que o passar do tempo tende a ser colmatado com a atualização, por vezes não atual, de fotos nos perfis. Os gestos permanecem num tempo estático ancorado no momento.
Antigamente eram os artistas, os jornalistas e as elites que apareciam visualizados nos posters, na televisão, nas revistas. Houve tempos em que quem tinha dinheiro encomendava um portrait de si em que o seu estatuto social era significado pelos objetos, pelas roupas, pela pose, pelo olhar e pelo sorriso. Hoje todos podem fazer um portrait de si muito mais interativo e retocado, adaptado e atualizado de modo a exibir o melhor, oculto ou não, que esta dentro de si. As fotos que as pessoas colocam na rede são fotos de que se sabe que deixam de ser privadas. Mesmo que só se possa ver a foto de perfil e nada mais a privacidade do eu torna-se refém do tempo. Um corpo em rede é como um corpo automatizado, maquinizado no social e preso num tempo. O que estamos a expor ao tentar perpetuar o nosso corpo na rede?

Metamorfoses visuais: O tempo no retrato fotográfico
ALINE SOARES LIMA (UNIV. MINHO) E CATARINA BASSO (UNIV. MINHO)
A fotografia é um meio técnico de produção e reprodução de imagens, um artefacto e extensão da memória e do complexo sensorial da visão. Por conseguinte, é também uma fonte histórica de conhecimento com temporalidades singulares e plurais, sobre as quais parece predominar o pretérito.
Na perspectiva da história cultural, o tempo, esse tecido que urde a vida, é justamente uma evidência que toma forma nas memórias do passado. Essas memórias podem ser recompostas a partir de fontes que existiram num tempo distante, que permanecem no momento presente e que apontam para a possibilidade de uma futura ressignificação das teias simbólicas partilhadas culturalmente. Contudo, as memórias captadas e acumuladas nessas fontes não se mantêm, necessariamente, intactas. As imagens do passado fixadas numa fotografia podem se desvanecer com o tempo, deteriorando os códigos simbólicos, que possibilitariam o resgate e compreensão dos seus significados culturais, tornando-os inteligíveis.
As contingências do tempo, considerando as suas múltiplas concepções, interferem na imagem fotográfica, instaurando metamorfoses que podem delinear anacronias visuais pela não correspondência com o conjunto do projeto original. Referimo-nos, aqui, à produção involuntária de uma estética deteriorada, que nos leva da representação mimética à abstração.
E é precisamente a partir da deterioração da imagem fotográfica que pretendemos abordar a questão do tempo. Assim, a nossa proposta é refletir e discutir as metamorfoses ocorridas num conjunto de negativos de retratos fotográficos, produzidos na primeira metade do século XX, devido à deterioração pela ação “dos tempos”. E quando falamos em tempo, referimo-nos a este enquanto pluralidade porque tratamos de diferentes tempos que se trespassam nesse conjunto de negativos: o tempo de captação da imagem e o seu contexto cultural; o tempo da revelação e da fixação da memória nos negativos; o tempo de vida dos negativos, ou seja, o tempo cronológico de sua existência; o tempo meteorológico que age sobre eles, e que se expressa nas condições atmosféricas como a temperatura e a humidade; e o tempo atual de visualização desse conjunto de negativos.

O uso dos novos media e a redefinição de tempos e espaços em contexto rural
ANA MELRO (UNIV. AVEIRO e CETAC. MEDIA) E LÍDIA OLIVEIRA (UNIV.
AVEIRO e CETAC. MEDIA)
O que ocorre na sociedade provoca alterações no tempo e espaço dos indivíduos, com os novos media essa aceção não só não é diferente, como ganha contornos mais abrangentes. A utilização cada vez mais frequente e massiva – em termos de número de artefactos, mas também de número de horas – dos novos media obriga a que a percepção do tempo e o espaço sofram constantes mutações, permitindo uma quase inexistência de fronteiras entre diferentes contextos e proporcionado uma hibridez que passa despercebida a grande parte dos indivíduos.
Diz Castells (1996/2007), (2007) que se o trabalho entra nas casas e nas redes de amizade, situação proporcionada pelo estado de permanente conectividade, então também é muito provável que o contrário aconteça, ou seja, que durante o período de trabalho e no seu espaço específico, as relações de amizade e a família consigam penetrar (2007, p. 104). Os utilizadores de novos media experimentam uma nova noção de espaço e tempo, proporcionada, sobretudo, pelos ecrãs, uma vez que são eles que nos transportam para outros mundos, “a temporalidad de las pantallas plantea una lógica propia, que a la vez se expande hacia otros espacios sociales.” (Murolo, 2011, p. 40).
Thompson (1998) e Harvey (1990) têm também uma noção concreta sobre a reorganização social e societal, diz o primeiro que “Antes do desenvolvimento das indústrias da mídia, a compreensão que muitas pessoas tinham de lugares distantes e passados era modelada basicamente pelo intercâmbio de conteúdo simbólico das interacções face a face” (Thompson, 1998, p. 38), o que complementa Harvey (1990) com a sua imagem gráfica “shrinking map of the world”.
Nesta comunicação aprofunda-se um dos objetivos da tese “Gerações de ecrã em meio rural”, apresentando-se resultados dos focus groups e diários aplicados em Ponte de Lima, a indivíduos pertencentes a 3 gerações – 1950, 1970 e 1990.

Temporalidade e combate à corrupção
ELENA BURGOA (FACULDADE DE DIREITO – UNIV. NOVA DE LISBOA)
Esta criminalidade, secular, já não pode ser olhada como um fenómeno delimitado a um único território, pelo que a ordem jurídica internacional tem desempenhado um papel importante, de vanguarda no lançamento de diversos instrumentos normativos destinados à harmonizar as leis nacionais anticorrupção (até, então, pouco abrangentes e muito diversas). No actual estádio evolutivo verifica-se que a Convenção das Nações Unidas (2003) trouxe um novo paradigma de intervenção (universal) que tomou em linha de conta os esforços ou contributos de outras instâncias internacionais e regionais.
Todavia, causa alguma perplexidade a abundância de este acervo convencional, a sucessão (e até simultaneidade) de instrumentos que se sucedem uns aos outros impondo a sensação de uma mudança incessante e continuada. Contudo, tais mudanças não se tornam perceptíveis ou sentidas pelos destinatários. Por outro lado, o tempo anticorrupção tem vários “tempos”, e escoa-se a velocidades diferentes, produzindo “durações” diferenciadas para as diversas formas de criminalidade que se entrelaçam
nas Convenções. Daí a simultânea previsão de criminalizações obrigatórias e facultativas. O que significa que o próprio legislador internacional tem a percepção que os instrumentos de combate variam em função das diversas espacialidades culturais. Tal ocorre com a criminalização, melindrosa, do enriquecimento ilícito. Temos assim que o  combate à corrupção não se apresenta apenas como “extensão”/”continuidade” (lançando mão das tradicionais e velhas categorias de corrupção), mas também como “devir” (que traz transformações com o surgimento de novos tipos legais de crimes, até aqui desconhecidos, como o crime de corrupção transnacional, corrupção no sector privado e o de enriquecimento ilícito). A problemática (global) da corrupção tem assumido cada vez maior visibilidade nas agendas nacionais e internacionais. Ora, por força do contexto económico e social complexo de crise ganha especificidades. Têm sido dados passos de gigante. E agora? Ruptura, descontinuidade, continuidade?

As transformações temporais e as suas consequências sociais: uma análise
RENATA NECCHI (UNIV. FEDERAL DE PELOTAS – BRASIL)
Atualmente, ao observarmos a sociedade ocidental, nos deparamos com momentos de grandes transformações temporais, podendo transcrever estas a partir da visualização do tempo individual, coletivo, de opções, de modificações sociais. Com a modernidade, novos conceitos se enraizaram na estrutura social, instituindo uma nova temporalidade. Para analisarmos o tempo contemporâneo, necessitamos entender a lógica que permeou historicamente até o contexto atual. Expondo uma abordagem referida nas diferentes configurações da modernidade; Especfificando a lógica do tempo individual e coletivo das sociedades que emergiram com este conceito, compondo a relação entre “tempo/espaço”.
Vivemos em um período doutrinado pelo tempo, pelo qual os indivíduos se vêem presos a uma rapidez “líquida”. O tempo se tornou estático, composto pela liquidez da estrutura global, do capital, das distorções escalares entre “opções e raízes”, pelas escolhas que movimentam toda a imposição temporal presente. Este trabalho faz parte de uma pesquisa que se encontra em andamento, sendo apresentada aqui uma parte do referencial teórico que trata a questão “tempo/espaço”. Para isto, utilizo “A Modernidade Líquida” (2001) de Bauman, a “Gramática do Tempo” (2008) de Boaventura de Souza Santos, a “A condição pós-moderna” (1998) de David Harvey e as percepções de tempo na obra de André Gorz, referenciado por Josué Pereira da Silva (2009). Ao me portar nessa contextualização questiono-me qual o significado do tempo para uma sociedade complexa, como a nossa, onde de um lado existe a ideologia maior, generalizada, composta pelo viés do mercado, do capitalismo; E por diferentes outros lados, existem alternativas de sistemas abordadas por outros significados de ideais, com outra ideologia, contrárias a anterior exposta.
A pesquisa maior pretende analisar a temporalidade individual e coletiva de uma sociedade generalizada, comparando esta a uma sociedade com ideologias anarquistas, a qual possui conceitos políticos, sistemas de produção e de projeção contrapostos ao sistema atual – o capitalismo.

SESSÃO 5
CATEGORIAS DE TEMPO

Tempos, contratempos e passatempos:Investigando práticas e sentidos do tempo entre jovens de grupos populares
MÓNICA FRANCH (UNIV. FEDRAL DA PARAÍBA)
Pode-se dizer que a juventude se situa numa encruzilhada temporal. De um lado, os jovens gozam de certa licença social para a vivência intensiva do presente, o que tem seu reflexo no lucrativo mercado do lazer em seus várias dimensões (vestimentas, shows, casas noturnas etc.)Por outro lado, espera-se que nessa fase as pessoas cimentem seu futuro, e inúmeras instituições de socialização se encarregam de que os jovens levem a bom termo sua jornada para a vida adulta. Esta tensão estrutural, intrínseca à condição juvenil contemporânea, faz dos jovens um grupo singularmente bem situado para observarmos continuidades e rupturas na vivência do tempo em nossas sociedades. Questões como a aceleração do tempo, o aumento nos níveis de incerteza global, e as mudanças no papel das instituições na organização dos ritmos sociais e biográficos fazem parte da ambiência geracional dos jovens de hoje, embora isso ocorra de forma diferenciada de acordo com os diversos contextos de vida. Neste trabalho, busco dar visibilidade a um contexto juvenil específico: as comunidades de baixa renda do Grande Recife, onde expressões como “aceleração do tempo” e “incerteza biográfica” ganham sentidos específicos. A pesquisa realizada, de caráter etnográfico, teve por foco duas dimensões da vivência temporal – a organização do cotidiano e o tempo biográfico. Os resultados sugerem a existência de uma pluralidade de sentidos e práticas temporais nesses grupos, levando em consideração diferenças de gênero, inserção institucional, estilos de vida e momento do curso da vida.

O tempo das crianças e as crianças deste tempo
ALBERTO NÍDIO SILVA (UNIV. MINHO)
Na vida das crianças, Cronos foi condicionando Kairós, mandando positivamente no seu
tempo de atividade, do fazer, da ação, do envolvimento inteiro e intenso numa brincadeira que para elas passa sempre depressa (Macedo, 2008), muitas das vezes por culpa exclusiva da pressa dos adultos que outros tempos lhe sobrepõem onde não cabe espaço para quase mais nada, estandardizando-lhes o quotidiano num absorvente e estereotipado cacharolete de afazeres que se repetem todos os dias da mesma maneira.
Como lembra Hoyuelos (s/d), o tempo da infância, no seu ritmo de aprender e produzir cultura, é único e irrepetível noutros tempos do tempo que a vida depois vier a durar. Viver o tempo da infância é deixar, também e sobretudo, que as crianças tenham tempo para se surpreender com as coisas da vida, vivê-las à sua maneira, reiterá-las as vezes que for preciso. As crianças precisam que os adultos esperem por elas, sem pressas, antecipações ou estimulações precoces, desnecessárias e violentas, esperá-las, diz Hoyuelos (idem), na dilatação do tempo e, paradoxalmente, sem tempo, ali no lugar onde se encontram na sua forma de aprender, aguardando que elas cheguem aonde têm de chegar pelo seu caminho.
Querer que a criança se desprenda do presente, tempo do seu tempo que ela quer viver por inteiro, porque o futuro pouco lhe diz e importa (Losa, 1954: 30), é contribuir para acelerar um relógio que tem de bater um tempo certo que deixe fluir todas as cadências que devem marcar o ritmo de um tempo irrepetível e, que, concomitantemente, necessita de ser vivido nessa conformidade.

Tempo da juventude ou juventude além do tempo?
EDMARA DE CASTRO PINTO (UNIV. MINHO)
Neste trabalho, apresento algumas discussões a respeito da socialização de Jovens dentro e fora do espaço escolar. Tais discussões se respaldam em 3 anos de Investigação com Jovens no Brasil. Buscou-se inicialmente compreender os modos de socialização de jovens estudantes de Teresina- PI. A criação de culturas juvenis no tempo escolar legitimam espaços de voz aos jovens e é mediante a vivência temporal de um “tempo juvenil”, um tempo de lazer, tempo também de direitos e deveres, que eles se socializam com o intuito de vencer as situações de vulnerabilidade e exclusão social que lhes afetam. O presente trabalho foi subsidiado por estudos tais como o de Pais, Carrano, Sposito, Dayrell, dentre outros. Para tanto, optou-se pela análise numa perspetiva sociológica. Direcionando este enfoque para os estudos da juventude, buscou-se colocar em evidência as identidades culturais dos jovens investigados, dando visibilidade aos processos educativos e às relações com outras instâncias sociais, nomeadamente: família, escola e trabalho. Foi utilizado como metodologia, de natureza qualitativa, entrevistas semi-estruturadas e observação não-participante. Concluí que a maioria dos jovens investigados vislumbram uma possibilidade positiva de superarem suas dificuldades, ao mesmo tempo que expressam o seu universo cultural e seus códigos de pertencimento. Acreditam que falta um reconhecimento de que o “tempo Juvenil” e a  produção de cultura e saber é uma forma de protagonismo e visibilidade na sociedade que pode proporcionar resultados muito positivos.

O tempo nas aulas de matemática: os professores de matemática do ensino secundário ensinam no tempo e não com o tempo
NUNO VIEIRA (UNIV. LUSÓFONA DE HUMANIDADES E TECNOLOGIAS)
A ação social, de uma forma geral, é regida por horários e condicionada pela sucessão de sincronismos horários, que definem a duração dos acontecimentos. A escola, sendo uma instituição social, também é estruturada em torno de uma sucessão de acontecimentos sincrónicos. Uma vez que os horários escolares são construídos com base numa sucessão de acontecimentos, aulas, e são a base da organização escolar, depreende-se que o tempo é estruturante em toda a atividade escolar. Por inerência, a atividade docente em sala de aula é também condicionada por limites temporais.
Os noventa minutos de duração das aulas de matemática no ensino secundário foram pensados para se poder tomar o tempo como um recurso (Torre) de sala e aula, permitindo, assim, uma diversificação do tipo de aulas ministrado, combatendo-se as aulas magistrais. Através de uma série de entrevistas a professores de matemática com mais de dez anos de experiência, foi possível observar que o tempo não é, ainda, entendido como um instrumento de sala de aula, mas sim um meio (Torre) onde a ação decorre. Desta forma, os professores têm um sentimento de opressão (Freire) exercida pelo tempo letivo, dado que este condiciona e regula as atividades de sala de aula.
Esta perceção do tempo, como agente regulador e opressor da atividade docente e a subjugação ao sincronismo horário, presente em toda a vivência escolar, estará inscrita no currículo oculto da escola, e apreendido por todos.

SESSÃO 6
ESPAÇOS DE TEMPO

Quando os corpos não se vêem
ESMERALDA TAUBER (UNIV. MINHO) E LUZIA PINHEIRO (UNIV.
MINHO)
Vivemos num mundo em que as redes sociais tem uma grande influência no tempo que os indivíduos investem nelas e, principalmente, no tempo que, sem se darem conta, estão a usar. Pequenos instantes eternos por vezes. É também no instante que nos aparecem os símbolos enquanto meios de comunicação e de transmissão de mensagens. Mas não só. Símbolos como os emoticons e o like e don’t like tornaram-se universais e transmitem por vezes muito mais que mensagens. Embora possam ter diferentes formas, esta simbologia apresenta-se como universal, apenas com algumas variações de país para país, a sua utilização é global. O ecrã, que pressionou o homem a utilizar os emoticons enquanto extensões das suas emoções, conduziu também à emergência de uma necessidade do momento de dizer gosto ou não gosto (like ou don´t like) para expressar um sentimento de aprovação, desaprovação, cumplicidade ou até de atenção. Tanto emoticons como like e don’t like expressam emoções e sentimentos que
conduzem a uma robotização das expressões do homem no ecrã. São como extensões do corpo ou próteses do mesmo para mostrar que na interação viral também se reage com o corpo do outro lado do ecrã. Esta extensão do corpo a partir do ecrã é como que se o homem não pudesse viver sem expressar as suas emoções e sentimentos do momento. Será que estamos a criar uma nova forma de linguagem corporal escrita? O que transmitimos no instante com a forma como comunicamos, com os emoticons e os likes e don’t like que escolhemos?

Da orfandade: histórias de vida e transformação psicossocial
JUDITE ZAMITH CRUZ (UNIV. MINHO)
Romances anteriores ao século XIX seguiam uma estrutura narrativa linear e cronológica e, entre idas e voltas do passado para esclarecer o presente, a escrita era sucessiva, sem profundidade psicológica.
De que afectos eram capazes? Não sabemos. Mas sabemos que não somos sujeitos a
determinação. A nossa família, país, a nossa língua não foram escolhas. O mesmo acontece com contextos que escapam à acção.
Pretende-se problematizar uma história de vida no feminino, realizada em formação com a socióloga suíça Christine Josso, analisada por grounded theory. Sozinha, precocemente órfã, privada de códigos interpessoais na intimidade em continuidade, a narradora projetou-se no amplo vínculo social e religioso.
Ainda que nunca leiamos um texto da mesma forma, a Literatura ou a Psicologia interpessoal desautorizam a percepção comum: a todo o momento existem outras possibilidades de entendimento. Mas enquanto a Literatura seja ficção, a Psicologia interpessoal será tanto mais (racionalmente) científica quanto sustentada na intersubjectividade. A forma de apresentar o conteúdo a que se aspire diverge quando na
Psicologia enquadre as coisas como são, buscando significados e interpretações sintonizadas com o texto.
Serão colocadas questões de estrutura e coerência narrativa, quando o reconto teime no “destino” ou, em alternativa, antecipe a transformação.
As categorias “memória” e “tempo”, nem “exteriores” às personagens, nem “internas”, ocupam espaços (além das acções e descrições) que mudaram por contexto narrativo. Houve fragmentação do tempo no relato biográfico, muito analisada. Bergson (Deleuze, 1998, p. 27) alcançaria na noção de durée a ideia do espírito que dura, na mescla de sucessão interna, heterogénea e contínua. Duração será liberdade, consciência e memória (p. 39)? O que foi passado foi conservado e o devir tarda a vir. Enfatiza-se a bifurcação do tempo (categoria central), nas memórias (e reminiscências) partilhadas pela narradora para ficções e realidades, experiências e reflexões, destino e projeto.

Alimentação e tempos sociais
PAULA MASCARENHAS (UNIV. MINHO)
Nesta comunicação, procuramos compreender como as ligações entre a alimentação e os ritmos temporais a partir das narrativas de vinte e nove grupos domésticos. Após nos
concentrarmos no conceito de “tempo” na nossa civilização, caracterizaremos as diferentes organizações dos tempos no processo alimentar, desde o aprovisionamento
até ao consumo das refeições, ao longo dos processos de aprendizagem intergeracional e de tecnificação da alimentação moderna. Os resultados deste estudo reforçam a relevância dos ritmos temporais nas diferentes fases do sistema alimentar e na divisão do tempo doméstico e tempo laboral numa sociedade em mudança. Pretendemos demonstrar as conexões sociogenéticas entre a alimentação quotidiana e festiva e a  estruturação do tempo. Foi possível verificar, nos grupos domésticos estudados, a presença de múltiplas configurações e a emergência de novas temporalidades alimentares nas refeições domésticas e extra-domésticas.
Palavras chaves: tempos sociais, práticas alimentares, organização e partilha das tarefas domésticas com a alimentação .

Os tempos sociais rurbanos: múltiplos horizontes temporais, uma só linha temporal
PAULO R. BARONET (SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE CASTRO
DAIRE)
O contexto migratório interno é uma realidade complexa, dinâmica e relacional, definindo múltiplas realidades num mesmo campo de análise. Sendo por excelência um fenómeno capaz de transformar a vida de quem migra, as migrações entre o campo e a cidade têm, igualmente, o poder de transformar os modos de uso, de representação e valorização dos tempos sociais dos migrantes.
Esta proposta de comunicação resulta de uma investigação levada a cabo nos últimos 5 anos, da qual resultaram dois estudos de caso, construídos metodologicamente sob uma vertente qualitativa, onde procuramos explorar como se constroem socialmente as trajetórias e os perfis de saída; as múltiplas relações entre o campo e a cidade; e os significados que os jovens atribuem ao campo e à cidade no decorrer do confronto entre as disposições herdadas na ruralidade e as adquiridas na urbanidade.
Os estudos revelam que os jovens sentem, constroem, vivenciam e administram os seus tempos de formas distintas no campo e na cidade. Evidencia-se assim, que os jovens constroem as suas biografias por referência a múltiplas temporalidades que os marcam biograficamente. Por outro lado, revelam que os jovens se mantêm vinculados episodicamente ao local de origem, mantendo e reforçando as suas memórias familiar e coletiva. Assim sendo, usufruem de temporalidades distintas que os tornam autênticos rurbanos, uma vez que ao deambularem entre a urbanidade e a ruralidade vivenciam horizontes temporais distintos (trabalho, lazer, sociabilidades, familiar) que influenciam as suas identidades.
Procuraremos, no âmbito desta comunicação, analisar os contrastes de uso, representação e valorização dos tempos sociais vividos na ruralidade e na urbanidade por parte dos jovens migrantes. Defenderemos que esses usos, representações e valorizações são definidores/as de múltiplas realidades, que os jovens interiorizam e objetivam nas suas biografias, e que os tornam nem rurais, nem urbanos, mas autênticos rurbanos.

Identidade e imagem institucional nos tempos da hospitalidade pública de Ouro Preto
RONALDO MENDES NEVES (UNIV. FEDERAL DO RIO GRANDE DO
NORTE – BRASIL)
O Brasil está se preparando para receber visitantes do mundo inteiro por conta da realização da copa do mundo da FIFA em 2014 e das olimpíadas Rio 2016. Neste contexto, apresenta-se uma variedade de oportunidades para o desenvolvimento econômico, social, esportivo e cultural da nação brasileira. Sediar e organizar esses eventos internacionais pressupõe a prática da hospitalidade para acolher os atletas e os visitantes. O artigo apresenta o envolvimento interdisciplinar da gestão da comunicação institucional com a hospitalidade pública exposta na cidade de Ouro Preto situada no estado de Minas Gerais. A hospitalidade pública está cada vez mais representativa no imaginário do viajante e, a prestação desse serviço, o ato de acolher o visitante na cidade estabelece o vínculo urbano através do cenário local. Assim sendo, recomenda-se a gestão da comunicação institucional em conjunto com o estudo dos espaços e tempos da hospitalidade pública para a criação de identidades e biografias nas cidades. Adota-se um critério analítico descritivo sobre a gestão da comunicação e a hospitalidade pública para propor uma reflexão interdisciplinar entre a comunicação institucional e a hospitalidade pública. Portanto, apresenta-se neste artigo, a gestão da comunicação organizacional como suporte estratégico para construir ou fortalecer a identidade institucional de uma localidade através da hospitalidade pública e estabelecer uma reflexão interdisciplinar entre os pensadores da comunicação social e os pensadores da hospitalidade por meio das imagens expostas no conjunto arquitetônico da cidade de Ouro Preto-MG.

SESSÃO 7
MESA REDONDA “DIÁLOGOS DE TEMPO E MUDANÇA SOCIAL”

Contexto, trajetórias e vida – trabalho no Nordeste do Brasil
MÁRCIO SÁ (UFPE)
Este trabalho insere-se no âmbito de uma investigação que hoje toma como foco empírico pessoas em condição empresária no setor têxtil, numa sub-região específica:o Agreste de Pernambuco, Nordeste do Brasil. Eis o contexto no qual muitas pessoas trabalharam em atividades comerciais de caráter familiar desde bem jovens e depois se encaminharam, de tal modo, que hoje detêm um negócio próprio na indústria local. Neste espaço-tempo peculiar, de fortes traços regionais e de história vinculada ao comércio (em particular às feiras livres de rua), emergiu ao longo das últimas décadas um aglomerado industrial têxtil periférico que vem sendo denominado de Polo de Confecções do Agreste. Inspirado na sociologia bourdiesiana,principalmente em seu trabalho sobre as mudanças nas estruturas temporais eeconômicas na Argélia de meados do século passado, aqui se acredita que, ao articular a história de vida de uma dessas pessoas com aspectos contextuais,que também condicionam outras trajetórias de vida-trabalho no mesmo espaço-tempo, avanços investigativos possam ser alcançados em torno de duas questões: Quais traços contextuais podem ser inicialmente destacados na emergência de pessoas de origem popular (e vinculada ao comércio familiar) à condição de empresário(a) na indústria têxtil local? Em tal contexto, quais mudanças e continuidades podem estar relacionadas, ao mesmo tempo a possibilitar e a constranger, às trajetórias de vida-trabalho de pessoas que hoje se encontram em “condição empresária” na referida região?

Socialização e condicionantes em transição em uma comunidade pesqueira artesanal Brasileira
DENISE HOSANA DE SOUSA MOREIRA (UNIV. ESTADUAL DO PIAUÍ/ UNIV. MINHO)
Uma vantagem da globalização e dos media modernos é a possibilidade de sociedades com fuso horário atrasado poderem assistir ao que pode vir a ser o seu futuro em tempo real. A socialização institucionalizada, tal como se observa nos países ocidentais dominantes ainda se configura como um ensaio de padronização para muitos povos. Entretanto, este fenômeno se desenvolve do modo como as máquinas industriais chegaram aos países hoje ditos emergentes, antes que a mão-de-obra nativa soubesse ler seus manuais. A pobreza de muitas comunidades não lhes permitiu replicar em igual medida os modelos de socialização que se revelam ora em crise em países desenvolvidos nesta segunda modernidade. Esta comunicação visa apresentar o estudo exploratório da implantação de cursos de formação à distância em uma comunidade pesqueira artesanal, onde a produção familiar ainda não cedeu totalmente ao modelo da família nuclear, apesar das estratégias governamentais de controle da natalidade, como também não aderiu totalmente à educação institucionalizada, apesar dos apelos do mundo letrado. Resultados parciais do estudo iniciado em 2010 revelam a busca dessa comunidade por modernidade, através de cursos técnicos, mas também que a insuficiência de escolaridade os exclui do direito à essa formação. Não há como afirmar que, se refizerem o caminho dos povos dominadores, talvez sejam igualmente dominados pelos condicionantes do modo globalizado de organização social da produção, com também não há como garantir que, se construírem seu caminho com base em suas especificidades, sem cederem às pressões da uniformização, talvez não o sejam. Uma característica da crise é o fato de ser ela o motor da transformação. Entretanto, como nunca se sabe o período da transição e para que lado vai pender a mudança decorrente de uma crise, cabe aos que ainda não a experimentaram perguntarem-se se desejam ou não passar por ela.

Ensaio sobre a comunicação na área da saúde: diagnóstico por imagem em discussão
RAFAEL SOARES LEMOS (HOSPITAL DAS CLINICAS SAMUEL LIBANIO, POUSO ALEGRE, BRASIL); WILDA SOARES LEMOS (CAPES, DISTRITO FEDERAL, BRASIL) E THIAGO VILELA LEMOS (UNIV. ESTADUAL DE GOIÁS, GOIÂNIA, BRASIL)
Atualmente, a informação atualizada se tornou fator de sobrevivência em qualquer área.
Para o indivíduo, a informação contribui para maior conhecimento e ações mais eficazes. Para as organizações, a informação contribui para o aumento na produtividade e consequentemente do lucro. A área da saúde também foi beneficiada com informações que contribuíram para diagnósticos mais confiáveis que prolongaram e aumentaram a qualidade de vida do ser humano. Para Nonaka e Takeuchi (1997), o conhecimento pode ser entendido como a interação entre dois tipos de conhecimento, o conhecimento explícito e o conhecimento tácito. O conhecimento “explícito” é aquele que pode ser compartilhado pelas pessoas, documentado ou expresso em palavras, e até mesmo armazenado em banco de dados. Neste caso, consideramo-lo uma “informação”, pois é capaz de estimular o desenvolvimento de conhecimentos de um indivíduo. O conhecimento “tácito”, por sua vez, é aquele mais difícil de externar e formalizar; é identificado pelas ações e pelas experiências das pessoas; é o conhecimento pessoal adquirido pela experiência individual. O conhecimento tácito é o verdadeiro conhecimento, pois é desenvolvido durante anos, nas experiências, crenças e intuições acumuladas pelas pessoas durante toda a vida. Esse conhecimento precisa ser disseminado, isto é, tornar-se explícito, virar informação disponível; para que isso ocorra, o contato direto com as pessoas que o detêm é essencial. Drucker (1999) afirma que o segredo para a criação do conhecimento está na mobilização e na conversão do conhecimento tácito, e a importância desse conhecimento está no fato de que uma habilidade não pode ser explicada por meio de palavras, faladas ou escritas, só pode ser demonstrada. Atualmente, existe uma grande dependência dos profissionais da saúde em relação às informações para soluções de problemas orgânicos. Um problema similar diagnosticado serve como parâmetro para outro, o que faz aumentar a confiabilidade e a rapidez dos procedimentos, por isso há necessidade da disseminação e compartilhamento das informações. Na Radiologia, o conhecimento atualizado é uma exigência devido à inovação tecnológica, exigindo do profissional a busca constante pela informação. A informação (explícito) e a experiência profissional (tácito) são de fundamental importância da prática desta especialidade médica assim como em todas as outras, o que é bem enfatizado por Ahuja & Evans (2000). A necessidade da constante atualização pessoal e de maior eficiência estimulou a dissociação de conhecimento entre diversas subespecialidades. Na área médica esta dissociação trouxe vantagens e desvantagens para o sucesso do tratamento dos pacientes. Como vantagem, observou-se o aumento do conhecimento “tácito” do profissional, como desvantagem, o médico perdeu a visão holística do paciente. Gunderman (2006) comenta que o radiologista sem informações, por meio de discussões, sobre o paciente faz da analise radiológica uma “expedição de pesca’’, deixando o profissional procurar algo sem saber o que o paciente sente ou pensa. O objetivo do artigo é discutir a importância da espiral do conhecimento de Nonaka e Takeuchi (1997) e da aprendizagem de 1ª e 2ª ordem proposta por Argyris (1999), para a Radiologia.

Quotas for men in university: breaking the stereotype in european union law and swedish law
ANTÓNIA MARTIN BARRADAS (UNIV. UPPSALA – SUÉCIA)
This thesis approaches the issue of quotas for the under-represented sex in higher education. The focus is mostly legal but it will also include a sociological point of view. The first part of the study will approach this issue from an International Human Rights perspective, in what concerns the right to higher education and gender equality. The second part of the study will approach gender equality in higher education from a European Union Law perspective. The third part of the study will take the Swedish experience regarding quotas for the under-represented sex in university as an example in order to illustrate the results of the application of these positive action measures. Moreover, this part of the thesis will analogically apply the principles presented in the first part of the study, in order to illustrate the ways in which Sweden can be considered to be “opting-out” of its human rights obligations.
In its conclusion, this thesis will approach the “gendering” of men in today’s societies, and relate it to the trend for their underachievement on an academic level, in order to contribute to break a stereotypical view that does not see men as a “vulnerable group” in the area of higher education. Ultimately, this thesis will attempt to answer whether or not men are being discriminated by the law and by society, in what concerns their educational opportunities.

Transgender persons and family life: the issues of sterilisation and loss of child custody rights
MARTA PALLOS DE AZEVEDO PASCOAL RAMOS (UNIV. LUND – SUÉCIA)
This thesis deals with the compatibility of requirements to access legal gender recognition with international human rights law, in particular the pre-condition to be rendered permanently infertile and the possibility of losing child custody rights of biological children who were born before the application for legal gender recognition. Through the analysis of relevant European jurisprudence, domestic and international legislation, international declarations and statements and, with a personal input provided by interviews conducted with relevant stakeholders, this thesis provides an overview of the current legal status of transgender persons. In addition, given the lack of information available, through comparisons with parallel situations, namely with documented cases of Roma women sterilised and of homosexual parents’ loss of child custody rights, it provides a clear portrait of the constraints that such requirements pose on transgender persons’ full enjoyment and exercise of human rights.
The principal conclusions to be drawn is that legislation imposing sterilisation as precondition to access legal gender recognition violate one’s right to found a family, to family life, to physical integrity, to the highest attainable standard of health and to consent or refuse medical treatment. Legislation requiring the person to be unmarried/divorced or domestic practices forcing transgender parents’ to waive their parental rights in order to have their legal gender recognised violate the parent and child’s right to family life and the child’s rights not to be separated and to maintain contact with her/his parents.

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