Devoção e arte. Os circuitos da encomenda artística. O caso da Ordem Terceira de são Francisco de Ponte de Lima

Paula Cardona

Resumo


No território Alto-Minhoto foram instituídas seis Ordens Terceiras de São Francisco, os processos fundacionais e o período em que os mesmos decorreram foram distintos reflectindo-se directamente nas encomendas artísticas levadas a cabo por estas associações laicais.

Três Ordens Terceiras da Penitência nascerão sob os auspícios da Província de Santo António de Portugal, são elas, por ordem cronológica: Viana do Castelo, em 1622, Ponte de Lima e Caminha fundadas em 1634, esta última inicialmente instalada na igreja Matriz, sendo transferida em 1641 para a igreja do convento de Santo António[1].

Em 1705, no quadro da divisão da Província de Santo António dos Capuchos estas três irmandades passaram para a Província da Conceição. Nascidas debaixo desta subordinação provincial são as Ordens Terceiras de Arcos de Valdevez, instituída em 1726, por iniciativa da Ordem Terceira Limiana, na igreja do convento Franciscano de São Bento, autonomizando-se em 1754, e as Ordens Terceiras de Monção e Melgaço, criadas em 1746, estando a de Melgaço associada à fundação do hospício de Nossa Senhora da Conceição, pelos frades Franciscanos da Província da Conceição. Na base das irmandades das Ordens Terceiras está o complexo universo franciscano e a forma como se organizou e subdividiu ao longo dos tempos. Tentando descodificar esquematicamente a intrincada organização franciscana na dimensão mais alargada da realidade nacional, verificamos que se plasma de forma directa a dependência das Ordens Terceiras da Penitência da Primeira Ordem, isto é da comunidade regral franciscana. Nos casos em análise e em períodos distintos, como já referimos, sob as tutelas da Província da Conceição dos Estrelas e da Província de Santo António de Portugal[2]. A ligação das Terceiras Ordens da Penitência à comunidade capucha menor pelas duas províncias acima mencionadas, matizaram a acção assistencial destas irmandades e a sua ascensão e florescimento em particular no quadro da sua autonomia e da influência social que exerceram no seio das comunidades onde se inseriam.


[1] Figueiredo, Ana Paula Valente, Os Conventos Franciscanos da Real Província da Conceição. Análise histórica, tipológica, artística e iconográfica, Tese de Doutoramento em Arte, Património e Restauro, Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, 2008, p. 63.

[2] Esquema da autora elaborado com base em Diniz, Pedro, Das Ordens Religiosas em Portugal, Lisboa, 2.ª edição, Typ. De J.J. A. Silva, 1854, pp. 96; 105-106.


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