O protagonismo do homem ordinário no jornalismo: reflexões a partir da narrativa de Bru Rovira

Tayane Aidar Abib, Mauro de Souza Ventura

Resumo


Neste estudo, desenvolve-se uma análise interpretativa da narrativa jornalística do catalão Bru Rovira, presente em sua obra Solo pido un poco de beleza (2016), que reúne textos de sua autoria originalmente publicados no jornal La Vanguardia, entre os anos de 2004 a 2007, sobre personagens anônimas de Barcelona, especificamente sobre um grupo de ex-alcoolatras que semanalmente se encontram no Centro de Serviços Sociais do bairro El Gotic, de modo a evidenciar o protagonismo noticioso do sujeito ordinário, em alusão às reflexões de Michel de Certeau (1994). A partir da escolha de Bru Rovira em narrar o que ele mesmo designa de carreteras secundárias do jornalismo, discute-se sobre a potencialidade de dinâmicas informativas alinhadas à noticiabilidade do cotidiano, em ordem de contraposição aos valores de desvio e proeminência social que tradicionalmente caracterizam o acontecimento e a cultura jornalística, e que predominantemente inscrevem a cobertura da imprensa em termos de imprevisibilidade e figuras oficiais. Com isso, busca-se destacar elementos teóricos e dispositivos práticos convergentes à uma noção de desacontecimento enquanto notícia, sendo esse uma espécie de movimento de resistência de profissionais que, a despeito de constrangimentos organizacionais diversos, reportam os contextos de atores sociais que se situam à margem do interesse hegemônico público e midiático.

Palavras-chave


cotidiano; Bru Rovira; narrativa jornalística; personagens anônimos

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Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade (CECS)
Universidade do Minho