Discricionariedade dos professores na implementação de políticas mídia-educativas em escolas públicas do Rio de Janeiro

Joana Milliet

Resumo


A pesquisa "Projetos de Mídia-Educação nas escolas da rede pública municipal do Rio de Janeiro" desenvolvida entre 2015 e 2017 pelo Grupo de Pesquisa Educação e Mídias (Grupem) da PUC-Rio, em parceria com o Instituto Desiderata e a Gerência de Mídia-Educação da Secretaria Municipal de Educação contou com duas etapas: a primeira, de base quantitativa, teve como foco identificar se, como e com que frequência são desenvolvidas práticas mídia-educativas nas escolas de ensino fundamental e foi realizada através de questionários online enviados para gestores das escolas (Duarte et al., 2016). A segunda etapa, de cunho qualitativo, teve como objetivo compreender mais profundamente o funcionamento das práticas de mídia-educação nas escolas e se deu através de observações em visitas a oito escolas. A presente comunicação apresenta uma análise dos relatórios de campo da etapa qualitativa da pesquisa buscando entender aspectos da implementação das políticas de mídia-educação nessas escolas. O referencial teórico utilizado são as releituras feitas por pesquisadores (Lotta, 2014; Oliveira, 2012; Oliveira, 2017) do trabalho realizado por Michael Lipsky na década de 80 sobre os chamados burocratas de nível de rua, com foco na discricionariedade desses burocratas ao implementarem a política na ponta. A leitura dos documentos que pautam a política de mídia-educação do município do Rio de Janeiro, produzidos há pelo menos 10 anos, apontou a ausência de perspectivas mais recentes do campo, assim como: capacidade de seleção, avaliação e validação de informações; produção e recriação de materiais audiovisuais; habilidades socioemocionais para lidar com as armadilhas do mundo digital como cyberbullying e fake news e saber trabalhar de forma colaborativa, responsável e ética, conforme propõe Eshet-Alkalai (2012). Com base na análise dos relatórios de campo constata-se que faltam para os professores referências que coloquem de forma clara e detalhada objetivos e diretrizes para uma política mídia-educativa em consonância com as demandas atuais. Conclui-se que é fundamental que as escolas tenham autonomia para executar a política desde que possuam uma compreensão clara dos seus objetivos e metas; recebam apoio e monitoramento da secretaria de educação; disponham de recursos materiais e formação adequada para colocá-la em prática.

Palavras-chave


mídia-educação; políticas públicas; implementação; discricionariedade

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