Tecnodistopia digital e contravigilância – Black Mirror e a estética da resistência

Joana Bárbara Fonseca

Resumo


Numa era em que a vigilância digital é intrusiva ao ponto de constituir normalidade, a ficção especulativa que a representa e problematiza ganha novos contornos. Na transformação de uma sociedade de vigilância numa cultura da vigilância, nessa normalização da intrusão, está um novo contexto, gerador de novos questionamentos perante a (sobre)utilização das tecnologias no dia-a-dia. A expressão literária distópica, como ficção especulativa, assume esse papel desde os pré orwellianos até um atual Black Mirror.
Pretende, esta comunicação, adentrar os contributos da ficção distópica para a construção de um questionamento, no sentido ético e prático, da tecnologia vigilante que nos acompanha quotidianamente. Procura-se na atual expressão da estética da vigilância na tecnodistopia digital a postura da resistência, entendida como sugestão de postura efetiva, real e humana perante a assoberbante intrusão social e corporativa no escopo privado.
Este estudo enquadra-se na intersecção da ficção distópica com o conceito de cultura da vigilância, no cruzamento metodológico entre as áreas de estudos de vigilância e estudos literários, através de uma análise comparativa das expressões de contravigilância tecnologicamente mediada, de excertos significativos de cariz ficcional/literário que estimulem o pensamento crítico e a consideração de uma postura contravigilante. Pela atualidade e dimensão estética e popular da obra, proponho abordar alguns momentos cruciais de episódios já canónicos de Black Mirror, a série da Netflix assinada por Charlie Brooker.

Palavras-chave


vigilância; contravigilância; tecnodistopia digital

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Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade (CECS)
Universidade do Minho