Traduzir uma parte na outra parte, será arte?
Resumo
No presente texto faz-se uma reflexão sobre a manifestação religiosa dos ex-votos, objetos votivos que um fiel dedica ao seu santo de devoção, ao qual pede uma graça ou agradece a graça alcançada. A pesquisa se deu a partir de visitas a acervos e com base em materiais bibliográficos relativos ao tema. A prática do ex-voto tem origem no paganismo e foi absorvida pelo cristianismo e disseminada pela Europa e América. Conforme Bonfim (2008) uma característica significativa nessa prática é o “aspecto cíclico do dar-receber-retribuir”, sistematizado pelo antropólogo e etnólogo Marcel Mauss no Ensaio sobre a dádiva, publicado em 1923-1924 (Mauss, 1923-1924/2003). A manifestação do ex-voto foi introduzida no Brasil, no século XVI, pelos portugueses, que tinham em sua origem a predominância da prática da pintura em tábuas votivas; porém com o passar do tempo desenvolveu características próprias. No final do século XX, o ex-voto, com as muitas subtrações e a falta de sistematização de conservação, passa da representação genuína, e por isto uma relíquia social, ao colecionismo, uma relíquia de mercado, desarticulado e descontextualizado de suas raízes, comprometendo assim o patrimônio histórico e cultural. A apropriação do ex-voto no campo das artes plásticas reverbera ressonâncias do valor das expressões da arte popular.
Palavras-chave
Ex-voto; dádiva; arte; patrimônio
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Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade (CECS)
Universidade do Minho