Do seresteiro ao artista independente: a música popular de Fortaleza entre a cena local e a indústria nacional

Fábio Freitas Marques, Jean Martin Rabot

Resumo


A imagem do artista migrante é tida como uma espécie de traço identitário quando se fala sobre os músicos de Fortaleza. A viagem foi consagrada nas canções dos artistas da geração de 1970 que fizeram sucesso nacional após se radicarem em cidades do Sudeste do País. Em contraponto, músicos que nos anos 1980 estabeleceram suas carreiras na própria cidade têm essa condição local como um traço de distinção, sendo tratados como aqueles que ficaram. Neste capítulo, buscamos discutir estes caminhos musicais diversos, ampliando o recorte temporal para comparar diferentes períodos da produção musical de Fortaleza. Tomamos como base para a análise o enquadramento da música popular enquanto prática social, ligada a contextos culturais, políticos e econômicos, e tendo como referências os estudos de subculturas (Hebdige, 2002) e cena musical (Bennett, 2004; Silver, Clark & Rothfield, 2006; Straw, 1991, 2015). A partir de uma revisão de literatura, buscamos evidenciar contextos, práticas e personagens da música de Fortaleza, desde os primeiros artistas e canções populares, no final do século XIX, passando pela chegada do rádio, da televisão e das primeiras gravadoras multinacionais, até o surgimento de uma movimentação local de música independente no início dos anos 1980. Como pano de fundo deste percurso está, por um lado, o estabelecimento de um mercado de bens culturais no Brasil, com uma indústria fonográfica e mediática centralizada no eixo Rio-São Paulo (Ortiz, 1988) e, por outro, a possibilidade de uma produção à margem deste centro.

Palavras-chave


Anos 1980; cena musical; Fortaleza – Ceará; indústria cultural; música popular

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