Comunicação da ciência, acesso aberto do conhecimento e repositórios digitais o futuro das comunidades lusófonas e ibero-americanas de Ciências Sociais e Humanas

Moisés de Lemos Martins

Resumo


É meu propósito discutir a comunicação da ciência no atual contexto da globalização do conhecimento e da cultura digital, interrogando as políticas de ciência, língua e comunicação, e o modo como elas modelam e condicionam o desenvolvimento das comunidades lusófonas e ibero-americanas de Ciências Sociais e Humanas.
Proponho a hipótese de estarmos a fazer uma travessia tecnológica, em muitos aspetos análoga à travessia marítima europeia dos séculos XV e XVI. Coloco, pois, em confronto a natureza tecnológica da atual globalização financeira e a natureza comercial da expansão marítima europeia. E se da primeira travessia resultou a colonização de povos e nações, com a segunda travessia passámos, em século e meio, àquilo a que Edgar Morin chamou a “colonização do espírito” de toda a comunidade humana (Morin, 1962). Neste contexto, tomámos em consideração as consequências, para a cultura, da revolução ótica, que se iniciou por meados do século XIX, com a invenção da máquina fotográfica, e concluiu, no nosso tempo, com a Internet e a realidade virtual de produção tecnológica (Martins, 2010, 2011 a, 2014). Vou situar nos estudos pós-coloniais as identidades transnacionais e transcontinentais, analisando as comunidades lusófonas e ibero-americanas de Ciências Sociais e Humanas, no contexto da “batalha das línguas” (Lopes, 2004), para utilizar uma expressão do linguista moçambicano, Armando Jorge Lopes, a que dou, todavia, um novo sentido. Vou, pois, considerar as políticas de ciência, língua e comunicação como combates pela ordenação simbólica do mundo (Bourdieu, 1977, 1979, 1982), onde se colocam os problemas de língua hegemónica e de subordinação científica.
Sendo tecnológica a condição da época, tomo o ciberespaço como um novo lugar do conhecimento científico, sem dúvida em língua inglesa, com as políticas de comunicação a saltar para os web sites, os portais eletrónicos, as redes sociais, os repositórios digitais e os museus virtuais; mas do ponto de vista que nos interessa, o novo lugar do conhecimento é em língua portuguesa, e também em língua espanhola.
Finalmente, apresento um conjunto de elementos sobre a presença de uma comunidade científica de Ciências Sociais e Humanas, o Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade (CECS), num Repositório académico digital, o Repositorium da Universidade do Minho.

Palavras-chave


globalização, comunicação da ciência, acesso aberto do conhecimento, repositórios digitais, identidades transnacionais, Museu Virtual da Lusofonia

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Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade (CECS)
Universidade do Minho