Política em tempos de ressentimento e a literacia midiática como possibilidade de participação

Matthias Ammann, Cristiane Parente

Resumo


A presente comunicação aponta um contexto de crise para a política tradicional, refletido por uma série de estatísticas descritivas mundiais, europeias e portuguesas que indicam o baixo interesse, principalmente dos jovens, pelos instrumentos tradicionais de participação política e a descrença nas instituições políticas. Buscamos compreender melhor este distanciamento com base nas categorias teóricas Ressentimento e Pulsão de Morte, visando conferir uma nova inteligibilidade sobre este fenômeno que esvazia e descredita os antigos espaços e formas de fazer política, mas que também chama à necessidade para a construção de novas formas de costurar uma cidadania. O ressentimento tipificado por Nietzsche, cuja origem advém do ódio, da raiva e da vingança, oriundas de uma agressão, envereda facilmente por aspectos morais e religiosos que impregnam o tecido social com ideais e estruturas ascéticas. No limite, o ressentimento ou a postura ideal ou ascética desinveste, destrói e desliga todos os vínculos e investimentos emocionais, configurando a pura pulsão de morte ou a aspiração ao nada. Nesse caso, o ideal absoluto e ascético em nome da preservação da vida, estanca a fonte da força e se contenta em criar estruturas estáveis e avessas à frustração, mas que regridem o homem a um niilismo mortificante. Paradoxalmente, também há o surgimento do revés do ressentimento e da pulsão de morte, isto é, os resquícios da potência de vida que tendem a buscar novas formas de interação a partir da mídia e das novas tecnologias, culminando em novas formas de ler o mundo e do fazer político.

Palavras-chave


Ressentimento; pulsão de morte; política; literacia; mídia

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Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade (CECS)
Universidade do Minho