“Escreve-nos”: uma análise das cartas da Visão Júnior

Juliana Doretto

Resumo


Este trabalho é derivado de pesquisa de doutoramento (bolsa Capes 0860/13-1), que trata da participação do leitorado no jornalismo infantil no Brasil e em Portugal. Nesse sentido, discutimos o que Buckingham (2009, p. 23) entende como direito à participação nos media: é preciso “ver as crianças a conseguirem falar mais directamente, colectivamente e aos produtores e legisladores”. Nesta proposta, analisamos cartas enviadas à revista mensal Visão Júnior, única publicação jornalística destinada às crianças em Portugal, para leitores de seis a 14 anos.
Silva (2014), que estudou as cartas dos leitores da imprensa portuguesa,
ressalta que o espaço democrático que poderia ser proporcionado pela seção de missivas do leitorado esbarra em obstáculos como a seleção do que é publicado (que privilegia redações curtas) e a escassez de espaço.
Em nossa pesquisa, analisamos as cartas divulgadas no primeiro semestre de 2014 pela Visão Júnior. Foram 42 correspondências publicadas, e em apenas quatro delas não houve algum tipo de resposta da revista, o que aponta certo movimento dialógico, maior do que mostrado por Silva no jornalismo para adultos. Isso é confirmado pela análise de algumas dessas respostas. Destacamos aqui 12 positivas (aceitando e implementando sugestões), cinco solicitando mais informações para as crianças (a fim de concretizar as pautas) e duas dizendo que não é possível atender à solicitação.
Observamos ainda que as sugestões de pauta são as que predominam (28 cartas, ou cerca de 70%), o que indica uma audiência infantil ativa. Mas apenas quatro mensagens fazem críticas ou apontam erros, o que pode denotar pouca confiança das crianças de que a revista vá confessar deslizes. Nota-se também que 28 mensagens foram enviadas por meninas: o que sugere que elas sejam uma audiência mais ativa do que os meninos.

Palavras-chave


Jornalismo; infância; audiência; participação do leitor

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Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade (CECS)
Universidade do Minho