Da orfandade: história de vida e transformação psicossocial
Resumo
Romances anteriores ao século XIX seguiam uma estrutura narrativa linear e cronológica e, entre idas e voltas do passado para esclarecer o presente, a escrita
era sucessiva, sem profundidade psicológica.
De que afetos eram capazes? Não sabemos. Mas sabemos que não somos sujeitos a determinação. A nossa família, país, a nossa língua não foram escolhas. O mesmo acontece com contextos passados que escapam à ação.
Pretende-se problematizar histórias de vida no feminino, realizadas por formação com a socióloga suíça Christine Josso, mas analisadas por Grounded Theory. Sozinhas ou precocemente órfãs, são cinco mulheres a projetaram-se no amplo vínculo social e religioso.
Ainda que nunca leiamos um texto da mesma forma, a Literatura ou a Psicologia interpessoal desautorizam a perceção comum: a todo o momento existem outras possibilidades de entendimento. Mas enquanto a Literatura seja ficção, a Psicologia interpessoal será tanto mais (racionalmente) científica quanto sustentada na intersubjectividade. A forma de apresentar o conteúdo a que se aspire diverge quando na Psicologia enquadre as coisas como são, buscando significados e interpretações sintonizadas com o texto.
Serão colocadas questões de estrutura e coerência narrativa, como quando o reconto teime no “destino” ou, em alternativa, antecipe a transformação.
As categorias “memória” e “tempo”, nem “exteriores” às personagens, nem “internas”, ocupam espaços mentais (além das ações e descrições) que mudaram por contexto narrativo. Houve fragmentação do tempo no relato biográfico, muito analisada. Bergson (Deleuze, 1998, 27) alcançaria na noção de durée a ideia do espírito que dura, na mescla de sucessão interna, heterogénea e contínua. Duração será liberdade, consciência e memória. O que foi passado foi conservado e o devir tarda a vir. Enfatiza-se a bifurcação do tempo (categoria central), nas memórias (e reminiscências) partilhadas pela narradora para ficções e realidades, experiências e reflexões, destino e projeto.
era sucessiva, sem profundidade psicológica.
De que afetos eram capazes? Não sabemos. Mas sabemos que não somos sujeitos a determinação. A nossa família, país, a nossa língua não foram escolhas. O mesmo acontece com contextos passados que escapam à ação.
Pretende-se problematizar histórias de vida no feminino, realizadas por formação com a socióloga suíça Christine Josso, mas analisadas por Grounded Theory. Sozinhas ou precocemente órfãs, são cinco mulheres a projetaram-se no amplo vínculo social e religioso.
Ainda que nunca leiamos um texto da mesma forma, a Literatura ou a Psicologia interpessoal desautorizam a perceção comum: a todo o momento existem outras possibilidades de entendimento. Mas enquanto a Literatura seja ficção, a Psicologia interpessoal será tanto mais (racionalmente) científica quanto sustentada na intersubjectividade. A forma de apresentar o conteúdo a que se aspire diverge quando na Psicologia enquadre as coisas como são, buscando significados e interpretações sintonizadas com o texto.
Serão colocadas questões de estrutura e coerência narrativa, como quando o reconto teime no “destino” ou, em alternativa, antecipe a transformação.
As categorias “memória” e “tempo”, nem “exteriores” às personagens, nem “internas”, ocupam espaços mentais (além das ações e descrições) que mudaram por contexto narrativo. Houve fragmentação do tempo no relato biográfico, muito analisada. Bergson (Deleuze, 1998, 27) alcançaria na noção de durée a ideia do espírito que dura, na mescla de sucessão interna, heterogénea e contínua. Duração será liberdade, consciência e memória. O que foi passado foi conservado e o devir tarda a vir. Enfatiza-se a bifurcação do tempo (categoria central), nas memórias (e reminiscências) partilhadas pela narradora para ficções e realidades, experiências e reflexões, destino e projeto.
Palavras-chave
Grounded Analysis; Histórias de Vida; infância; orfandades, institucionalização
Texto Completo:
PDF
...............................................................................................................
.:: LASICS ::.
Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade (CECS)
Universidade do Minho