O tempo nas aulas de matemática: os professores de matemática ensinam no tempo e não com o tempo

Nuno Vieira

Resumo


A ação social, de uma forma geral, é regida por horários e condicionada pela sucessão de sincronismos horários, que definem a duração dos acontecimentos. A escola, sendo uma instituição social, também é estruturada em torno de uma sucessão de acontecimentos sincrónicos. Uma vez que os horários escolares são construídos com base numa sucessão de acontecimentos- as aulas - e são a base da organização escolar, depreende-se que o tempo é estruturante em toda a atividade escolar. Por inerência, a atividade docente em sala de aula é também condicionada por limites temporais.
Os noventa minutos de duração das aulas de matemática no ensino secundário foram pensados para se poder tomar o tempo como um recurso (Torre) de sala e aula, permitindo, assim, uma diversificação do tipo de aulas ministrado, combatendo-se as aulas magistrais. Através de uma série de entrevistas a professores de matemática com mais de dez anos de experiência, foi possível observar que o tempo não é ainda entendido como um instrumento de sala de aula, mas sim um meio (Torre) onde a ação decorre. Desta forma, os professores têm um sentimento de opressão (Freire) exercida pelo tempo letivo, dado que este condiciona e regula as atividades da sala de aula.
Esta perceção do tempo, como agente regulador e opressor da atividade docente e a subjugação ao sincronismo horário, presente em toda a vivência escolar, estará inscrita no currículo oculto da escola e será apreendido por todos.

Palavras-chave


Tempo; mudança; escola; didática

Texto Completo:

PDF


...............................................................................................................

.:: LASICS ::.
Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade (CECS)
Universidade do Minho