Tempus fugit: o tempo e a inevitabilidade da morte

Mafalda Frade

Resumo


No presente texto, pretendemos refletir sobre a forma como a sociedade tem vindo a lidar, desde os fins do século XIX até à presente data, com a inevitabilidade da morte e a relação que se estabelece entre esta circunstância e a passagem do tempo. De facto, se a condição da mortalidade tem geradoangústias e temores em quem parte, pelas circunstâncias de mistério e incerteza que arrasta consigo, em quem fica provoca sentimentos variados e relacionados, entre outros, com o tempo. Estes sentimentos são frequentemente exprimidos num tipo específico de texto – o epitáfio – que é propenso a patentear as ideias da sociedade sobre a morte. Essa é a razão por que, a nível da expressão de sentimentos relacionados com a temporalidade, encontramos inscrições tumulares que refletem a noção da brevidade da vida, a diferença entre a certeza da finitude e a esperança da eternidade, a vontade de esperar por um reencontro, etc. Esta situação reveste-se de especial interesse para a Sociolinguística, na medida em que nos permite verificar a forma como a sociedade expõe, a nível da língua, as suas angústias e esperanças sobre a inevitabilidade da separação dos entes queridos que a passagem do tempo acarreta.
Assim sendo, com este estudo pretende-se demonstrar a forma como a questão da passagem do tempo face à morte é tratada a nível da língua portuguesa, nomeadamente no que diz respeito à forma como os indivíduos encaram esta circunstância em épocas de luto. Para atingirmos este objetivo e sustentarmos o nosso estudo, analisaremos diversos textos de epitáfios recolhidos em cemitérios distribuídos por várias capitais de distrito de Portugal Continental, que nos permitiram compor um corpus de algumas centenas de inscrições tumulares relevantes, cuja datação abarca o período compreendido entre 1836 e a atualidade.

Palavras-chave


Tempo; epitáfio; morte; luto; memória; língua

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Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade (CECS)
Universidade do Minho