Entre campos e pântanos: paisagens e gestão da água na Limagne entre finais da Idade do Ferro e a Época Romana

Frédéric Trément

Resumo


A Grande Limagne, particularmente a Limagne des Marais, constitui uma das regiões de Franca que, nos últimos anos, conheceu um forte investimento em estudos de natureza paleoambiental (Fig. 1). Duas ordens de fatores justificam esta situacao particular. A primeira deve-se a posição central da região no território dos Arvernes, em contacto com os sucessivos grandes centros de poder do fim da Idade do Ferro e da Epoca Romana (Mennessier-Jouannet, Deberge, 2007; Trement, 2009; Trement et al., 2007) (Fig. 2), sendo de destacar: o complexo de Gandaillat / La Grande Borne, situado em pleno coração da regiao do Grand Marais, ocupado nos seculos III e II a.C. e cobrindo uma superficie de cerca de 200 ha (Deberge, Vermeulen, Collis, 2007; 2008); os três oppida de Corent, Gergovie e Gondole, que distam entre si cerca de 7 a 8 km, ocupados durante o seculo I a.C. e com areas proximas de cerca de 70 ha (Poux et al., 2008; Garcia, Deberge, Pertlwieser, 2008; Deberge et al., 2009); e, por fim, a cidade de Augustonemetum (capital de civitas), fundada em finais do seculo I a.C., com uma superficie que se avizinha dos 150 ha e que durante o Alto-Imperio se tornou uma das cidades mais importantes da província romana da Aquitania (Dartevelle, 2008). A segunda razão que justifica o interesse por este território relaciona-se com a facto da planície da Limagne constituir uma das mais vastas do Macico Central, com uma dimensão de cerca de 60 x 40 km. A fertilidade das suas

≪terras negras≫, já celebre na Antiguidade, resulta das suas particulares condições de drenagem. Com efeito, estes terrenos conhecem um excesso de carga hidrica, provocado pela deficiente drenagem dos numerosos cursos de agua oriundos do planalto de Domes, os quais, chegados a bacia de abatimento terciaria da Limagne e devido a sua fraca pendente, procuram a custo alcancar o rio Allier (Ballut,2000) (Fig. 3).

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Fig. 1. Localização das áreas em estudo.

Fig. 2. As capitais dos «Arverni» (séculos III-I a.C.).

Fig. 3. A «Limagne des Marais»: contexto hidro-geomorfológico (segundo Ballut, 2000).


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