O internamento de militares no hospital da Misericórdia de Ponte de Lima: doentes, doenças e pagamentos (1814-1850)

Maria Marta Lobo de Araújo

Resumo


O tratamento de homens do exército nos hospitais das Misericórdias portuguesas ocorreu devido à inexistência de hospitais militares e teve início no âmbito da Guerra da Restauração. A necessidade de tratar os feridos, mas também os portadores de outras doenças, levou a Coroa a construir hospitais militares em várias localidade[1]s e a estabelecer contratos com as Santas Casas onde esses hospitais não existiam ou em lugares onde não dispunham de condições para albergar todos os homens da guerra.

Em Ponte de Lima, a Coroa, provavelmente devido às reduzidas dimensões do «hospital da Casa»[2], decidiu montar um hospital para tratar soldados e entregou a sua administração aos religiosos de São João de Deus, como se verificou, aliás, em várias localidades do reino. Para efeito, serviu-se de edifícios já existentes, entretanto adaptados às novas funções, e mandou construir outros para serem tratados os militares doentes[3]. Vários hospitais erguidos pela Coroa serviram apenas no tempo da guerra, sendo posteriormente desmantelados.


[1] Para este assunto leia-se Borges, Augusto Moutinho, «Os reais hospitais militares de S. João de Deus na Beira da Restauração ao Liberalismo», in O serviço de saúde militar na Comemoração do IV Centenário dos Irmãos Hospitaleiros de S. João de Deus em Portugal. Actas do XVI Colóquio de História Militar, vol. II, Lisboa, Comissão Portuguesa de História Militar, 2007, p. 564.

[2] Principal unidade de tratamento da Misericórdia da vila. A confraria mantinha ainda em funcionamento o denominado «hospital de fora», antigo hospital de peregrinos e na época centro de acolhimento de peregrinos e de receção de velhos e inválidos.

[3] A propósito destes hospitais consulte-se Borges Moutinho, Augusto, Reais Hospitais Militares em Portugal [1640-1834], Coimbra, Imprensa da Universidade de Coimbra, 2009, p. 20.

 


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