Os alimentos nos rituais familiares portugueses (1850-1950)

Maria Antónia Lopes

Resumo


O QUE SÃO RITUAIS

Os rituais – familiares ou não familiares – celebram, solenizam e fixam na memória dos próprios e da comunidade momentos especiais. Podem ser formais ou informais, ter ou não um cariz religioso, ser festivos ou lutuosos. A marca comum a todos é a repetição dos gestos e palavras, previamente conhecidos, e que são formas de comunicação simbólica. Há rituais cíclicos e há rituais únicos e irrepetíveis, marcando mutações existenciais. Estes últimos, mas não só estes, são os chamados rituais de passagem.

A expressão e o conceito de rito ou ritual de passagem, que parecem agora uma evidência, só surgiram em 1909, criados por Arnold Van Gennep para classificar as práticas padronizadas, presentes em cada comunidade, na altura do nascimento, casamento, morte e muitos outros momentos da vida[1]. Este autor, que alguns acusaram de anunciar um tropismo, na realidade foi o primeiro a interpretar esses ritos como passagem, detectando em todos eles uma sequência ritual em três tempos que materializa três estados: separação e agregação, mediados por uma situação de transição mais ou menos curta, a que chamou margem. A partir de então, o tema tem sido muito trabalhado pela Antropologia com destaque para Victor Turner[2].


[1] Les rites de passage. Étude systématique des rites…, 1909. Utilizei a edição espanhola Gennep , Arnold van – Los ritos de paso. Madrid: Alianza Editorial, 2008.

[2] Turner , Victor – The forest of symbols. Aspects of Ndembu ritual. Ithaca: Cornell University Press, 1994 (1.ª ed.: 1967).


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