No laboratório em que habitualmente transformo as minhas aulas, analisamos conteúdos jornalísticos promotores de debate e impulsionadores da articulação entre a dimensão concetual e a operativa, assumindo o resultado da ação jornalística quotidiana o espelho dessa articulação. Neste sentido, trabalhamos, essencialmente, a reportagem, o género que, na sua essência, promove essa síntese. O jornalismo de investigação, produto supremo da articulação entre método e ação, ou entre a dimensão reflexiva, propiciada pela dinâmica académica, e o exercício profissional quotidiano, é o molde que seleciona os conteúdos que seleciono. Aos trabalhos de jornalistas portugueses e estrangeiros, associo alguns exemplares do meu portefólio pessoal.
São trabalhos de persistência, de confronto permanente de fontes, onde a relação jornalista – fontes suscita os mais diversos debates. Representam, no fundo, a síntese de dois mundos – academia e profissão – que me esforço por entrecruzar, num exercício de valorização permanente da identidade que molda cada um deles.
Em 2013 comecei a investigar o colapso do BPN, recuando ao ano de 1998, o ano da fundação do Banco. “A Fraude”, grande reportagem de investigação, emitida em quatro episódios (A Linha do Tempo; Anatomia de um Golpe; No Rasto do Dinheiro e a Caixa Negra) faz o relato cronológico de um escândalo financeiro que abalou um país.
Pedro Coelho | UNovaLisboa