No laboratório em que habitualmente transformo as minhas aulas, analisamos conteúdos jornalísticos promotores de debate e impulsionadores da articulação entre a dimensão concetual e a operativa, assumindo o resultado da ação jornalística quotidiana o espelho dessa articulação. Neste sentido, trabalhamos, essencialmente, a reportagem, o género que, na sua essência, promove essa síntese. O jornalismo de investigação, produto supremo da articulação entre método e ação, ou entre a dimensão reflexiva, propiciada pela dinâmica académica, e o exercício profissional quotidiano, é o molde que seleciona os conteúdos que seleciono. Aos trabalhos de jornalistas portugueses e estrangeiros, associo alguns exemplares do meu portefólio pessoal.
São trabalhos de persistência, de confronto permanente de fontes, onde a relação jornalista – fontes suscita os mais diversos debates. Representam, no fundo, a síntese de dois mundos – academia e profissão – que me esforço por entrecruzar, num exercício de valorização permanente da identidade que molda cada um deles.
A GR “Profissão Ex- ministro“ (2012) investiga meia centena de governantes que fizeram do poder uma porta giratória com o mundo dos negócios, expondo a complexa mistura de papéis e o que essa mistura suscita.
Pedro Coelho | UNovaLisboa | SIC