A morte na pós-modernidade: um fenómeno real na era digital

Welberg Menezes Rodrigues, Jean-Martin Rabot, Clara Maria Faria Simães Mendes

Resumo


Nenhuma época e nenhuma sociedade ficou alheia à questão da morte. E cada uma trouxe uma resposta específica para vivenciá-la ou rejeitá-la, enfrentá-la ou contorná-la, esquecê-la ou vencê-la, superá-la ou incorporá-la. As sociedades primitivas e tradicionais tentaram apaziguá-la por meio dos rituais; o cristianismo e a modernidade secularizada tentaram ultrapassá-la ao inventar paraísos celestes e terrestres. A vivência do momento presente, à semelhança do carpe diem dos Antigos deixou o lugar às projeções de futuros jubilosos, que implicam necessariamente uma denegação dos prazeres da vida. Para a religião cristã, tratava-se de superar a finitude da existência pela crença no além, enquanto que para as religiões secularizadas, também chamadas de políticas de salvação, tratava-se de construir um mundo perfeito, alcançável para todos os seres humanos de boa vontade, num futuro mais ou menos próximo. A pós-modernidade, por sua vez, reconhece o carácter inelutável da morte, a tragicidade da vida, o carácter místico do instante presente. Não pretende superar a morte, mas incorporá-la novamente na vida. O recurso às redes sociais representa para muitos internautas uma forma de domesticação da morte, um retorno para uma estrutura antropológica intemporal que é a comunidade. As redes representam outras tantas formas de socialização pelas quais os indivíduos lutam contra o irremediável. Mostraremos, assim, que experienciar a morte na nossa contemporaneidade é, de facto, inseparável da maneira como experienciamos as novas tecnologias.

Palavras-chave


arcaísmos; comunicação digital; morte; pós-modernidade; virtual

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Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade (CECS)
Universidade do Minho