Política de recursos hídricos nos mosteiros cistercienses no Minho na época do Antigo Regime

Salvador Magalhães Mota

Resumo


A água é o agente físico e químico presente em muitas atividades humanas, sobretudo indispensável ao desenvolvimento de qualquer forma de vida. Por esse motivo, a sua distribuição nos continentes condiciona profundamente as sociedades, obrigadas a compensar a sua falta ou a conter os excessos. O controlo da água tornou-se possível pela atividade técnica dos grupos humanos, indissociável da sua organização social; daí resulta ter ela desempenhado na história um papel determinante. Nas plantas a sua presença permite a realização das sínteses, a conservação de um grau de hidratação dos tecidos capaz de assegurar à atividade metabólica num nível adequado. Em especial, a água intervém na síntese clorofiliana e na respiração. Nos animais é, igualmente, indispensável, embora a sua presença responda a necessidades diferentes. Nos mamíferos, a sua absorção permite evitar a desidratação do organismo, substituindo as quantidades eliminadas pela urina e pelo suor[1].

A existência de água, conjuntamente com outros fatores (vias de comunicação, defesa) é um poderoso fator de fixação de populações. Houve sempre uma espécie de determinismo ao longo da história em relação a este bem essencial à vida. As comunidades rurais escolhiam, preferencialmente, locais perto de nascentes, à beira de lagos ou nas margens de cursos de água para se instalarem[2]. A água era um recurso de utilização livre desde que se destinasse à satisfação das necessidades quotidianas de consumo dos homens e dos animais ou das regas dos campos. O seu aproveitamento como fonte de energia para mover moinhos, lagares, azenhas ou outros engenhos implicava autorização senhorial [3]


[1] Lemonnier, 1986: 97. Com os mares e oceanos, a água é, também, um reservatório de variadíssimos recursos. Em primeiro lugar, recursos de energia, armazenada, após ter sido recebida do sol, sob a forma térmica ou mecânica. Além disso, a água é reservatório de recursos minerais explorados desde sempre, como o sal, ou outros como o petróleo, o gás natural, os diamantes, o oiro, etc., que o homem atribui grande valor. Mas são os recursos biológicos que revestem atualmente a maior importância, dada a necessidade de alimentar uma população mundial em constante crescimento.

[2] Lemonnier, 1986: 98.

[3] Neto, 1991: 40. Os possuidores de moinhos e lagares eram, normalmente, pessoas de condição social superior, padres, capelães, licenciados, fidalgos, etc. Consulte a propósito: Lobão, 1835: 1-22.


Apontamentos

  • Não há apontamentos.