Questão Social: percepção e combate entre economistas e parlamentares

Maria de Fátima Brandão

Resumo


Com este trabalho pretende-se dar um pequeno contributo para a análise do modo como em Portugal se perspectivou a chamada questão social à luz dos ensinamentos da ciência económica e se procurou dar-lhe combate através da acção parlamentar, em finais do século XIX e princípios do século XX. A nível europeu, desde finais do século XVIII que as vicissitudes da implantação da sociedade industrial foram suscitando a reflexão dos economistas políticos, primeiro para a compreensão da situação dos pobres, depois para a da classe trabalhadora. Ao longo do século XIX, essa reflexão foi sendo progressivamente enquadrada num conjunto mais vasto de problemas de ordem política e social, em consonância com a ideia de que o melhoramento da situação da classe trabalhadora constituía em si mesmo uma questão social, cuja resolução de modo algum se poderia fazer depender da aplicação estrita dos princípios da economia política. A partir das últimas décadas do século XIX, o reconhecimento público da necessidade de melhorar a situação da classe trabalhadora, nomeadamente sob o impacto do socialismo em ascensão, contribuiu para refinar a análise económica da extensão e limites da intervenção do estado em matéria laboral, através da qual os economistas políticos procuraram definir os fundamentos dessa intervenção e ao mesmo tempo ajuizar das vantagens e inconvenientes das medidas em que ela se podia concretizar.


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