Transformações estruturais e familiares. Da família da industrialização à família hodierna
Resumo
Toda a cultura poderá conter em si uma certa forma de ilusão que protege o grupo na sua esperança de preservação
Louis-Vincent Thomas[1]
Não é que seja preciso chegar a qualquer coisa, o que é preciso é sair da situação em que se está
Margarida Duras[2]
Quando falamos da modernidade da família, muito frequentemente, pelo menos entre alguns economistas e historiadores (K. Polanyi, 1983), encontramos alguma tendência para associar a modernidade da família à revolução industrial, entendida como um ponto de partida das mudanças tecnológicas, económicas e das relações sociais nos principais países europeus[3]. Todavia, preferimos fazer a aproximação da dinâmica das transformações, quiçá mutações familiares, à Quando falamos da modernidade da família, muito frequentemente, pelo menos entre alguns economistas e historiadores (K. Polanyi, 1983), encontramos alguma tendência para associar a modernidade da família à revolução industrial, entendida como um ponto de partida das mudanças tecnológicas, económicas e das relações sociais nos principais países europeus . Todavia, preferimos fazer a aproximação da dinâmica das transformações, quiçá mutações familiares, à industrialização como processo no seio do qual a família não é apenas uma instância passiva que apenas fica sujeita às leis do destino económico e social, mas, ao contrário, um espaço de resistência e criatividade, sabendo adaptar-seaos novos desafios, ainda que imbricada nesta dinâmica industrial. Com efeito, muitos homens e muitas mulheres, passando frequentemente por situações muito difíceis impostas pela industrialização, nem por isso ficaram conformados ou indiferentes e deixaram de elaborar várias estratégias perante as mudanças em curso.
[1] Thomas, Louis-Vincent, Anthropologie de la mort, Paris, Payot, 1975.
[2] Duras, Marguerite, O amante, Lisboa, Editora Difel, 2008.
[3] Polayi, Karl, La grande transformation. Aux origines politiques et économiques de notre temps, Paris, Gallimard, 1983
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