O incumprimento dos irmãos da confraria de Nossa Senhora da Guia de Ponte de Lima, através dos estatutos de 1753

António Francisco Dantas Barbosa

Resumo


Não obstante, Ponte de Lima, ter uma dimensão geográfica pouco significativa, conseguia no Período Moderno equiparar-se em termos proporcionais a grandes cidades como Lisboa, Setúbal, Porto, e entre outras, pela grande visibilidade e número de associações, de caráter religioso. Estas instituições congregavam em torno de si uma infinidade de fiéis. A título de exemplo, no século XVIII, existiam mais de 700 em toda a comarca de Viana do Castelo, enquanto que na década de 1790, Ponte de Lima e seus arredores possuíam cerca de uma centena[1]. Este cenário é caraterizador da identidade dos habitantes desta localidade, enquanto pessoas com um elevado sentimento de fé, mas também com uma tendência para estabelecerem laços de coesão social muito fortes, ou não fossem as confrarias propiciadoras do reforço de relações de sociabilidade. A importância destas associações ia para além dos aspetos atrás mencionados, na medida em que asseguravam grande parte das cerimónias religiosas, favoreciam a proliferação de espaços de culto, norteavam os fiéis na sua doutrina e auxiliavam espiritual e materialmente os seus irmãos mais desprovidos. Não menos relevante é o facto destas proporcionarem aos seus irmãos poder a nível local, catapultando-os, por vezes, para o exercício de cargos importantes, conferindo-lhes ainda prestígio e afirmação social ao praticarem exercícios que lhes davam grande visibilidade, como as manifestações festivas e caritativas.


[1] Este número de associações expressa a vitalidade do movimento confraternal português, nesta região. Leia-se Penteado, Pedro, «Confrarias», in Azevedo, Carlos Moreira (Dir.), História Religiosa de Portugal, vol. II, Lisboa, Círculo de Leitores, 2000, pp. 323-324.


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