Ponte de Lima no espaço e no tempo. Mobilidades e escritas oitocentistas

Henrique Rodrigues

Resumo


Os Governos Civis, órgãos da administração pública em representação o governo central, a partir de 1835, foram responsáveis pela conservação e organização de muita documentação relativa à própria área geográfica de intervenção, especialmente no domínio da mobilidade e das migrações, além da produção do próprio arquivo com a correspondência recebida e expedida. As funções de ligação dos distritos ao governo central proporcionaram o depósito de toda a informação circulada por intermédio deste organismo, como cópias de documentos, Livros de Recenseamento Militar (LRM), relatórios, actas e toda a sorte de documentos relacionados com a Junta de Distrito, funcionando como responsável pela ligação entre o centro e a periferia.

Este arquivo continua sem catálogo do espólio documental aqui depositado, o que não facilita a actividade de quem pretende realizar investigação nestes acervos, por se desconhecer a existência de muita documentação, não obstante a boa vontade e acolhimento dos responsáveis pelo arquivo desta instituição. Urge, pelo menos, que se proceda a um inventário taxonómico e quantitativo das peças existentes, para evitar a fragmentação deste fundo, considerando o fim anunciado dos Governos Civis[1]. Entre muita documentação referente à mobilidade de mancebos dos naturais do concelho de Ponte de Lima, existem trinta e três cópias de Livros de Recenseamento Militar do município de Ponte de Lima, com datas extremas de 1856-1898[2]. Através desta fonte, cuja origem está na lei de 27 de Julho de 1855[3], podemos analisar a mobilidade de uma faixa etária da população masculina arrolada à data do respectivo recenseamento militar e conhecer os perfis dos jovens adultos. Nestas relações, destacam-se os dados sobre o quadro social, profissional, familiar e as terras de fixação proporcionando uma análise às migrações internas e de longa distância.


[1] Após a nossa comunicação, foram divulgadas instruções pelo Ministério da Administração Interna para incorporar estes fundos nos Arquivos Distritais, assim como a transferência de fontes impressas, nomeadamente os Diários do Governo e outra legislação nas Bibliotecas Municipais, junta mente com outros acervos bibliográficos. Relativamente a obras de arte, está determinado que devem integrar o espólio dos museus municipais.

[2]No Arquivo Municipal de Ponte de Lima há vária documentação relativa ao serviço militar, entre 1859-1969. Pereira, Maria Olinda Alves (coordenação), Recenseamento dos Arquivos Locais, Câmaras Municipais e Misericórdias, Arquivos, vol. 3, Distrito de Viana do Castelo, s.l., Ministério da Cultura, 1996, 216.

[3] Cf. Diário do Governo n.º 201 de 27 de Agosto de 1855, pp. 1099-1101.


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