Marginalidade e banditismo no Alentejo (1760-1833). A resposta dos poderes periféricos

Teresa Fonseca

Resumo


As transformações económicas ocorridas ao longo da Época Moderna resultaram numa estratificação social cada vez mais acentuada, com um acréscimo considerável da miséria. O fenómeno percorreu a Europa, embora com a intensidade e as especificidades inerentes a cada país ou região. O crescimento demográfico quinhentista levou a uma subida generalizada dos preços, que o aumento dos salários não conseguia acompanhar, do que resultou uma degradação do nível de vida da maioria da população. O crescimento da oferta de mão-de-obra provocou remunerações ainda mais baixas e acentuou o desemprego rural e urbano. O pequeno agricultor, condicionado pela pesada e complexa carga fiscal, pela baixa produtividade agrícola e pelas contingências climatéricas, acabava geralmente despojado da sua propriedade. E a par da proletarização crescente do trabalhador rural, acentuava-se a concentração da terra nas mãos de grandes proprietários ou de burgueses enriquecidos. A sua visão capitalista da exploração fundiária, levava-os a substituir a cerealicultura por produções mais rentáveis ou pela criação de gado, resultando de tal prática uma dispensa considerável de trabalhadores. Os camponeses, sem terra e sem trabalho, afluíam às cidades em busca de ocupações alternativas. Mas a economia urbana, incapaz de os absorver, reduzia os recém-chegados à miséria e à mendicidade, o que fazia engrossar a multidão de desfavorecidos provocada pela crise artesanal urbana.

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