Usos da cortiça na construção corrente tardomedieval e quinhentista

Manuel Sílvio Conde

Resumo


A historiografia persiste em obliterar os usos da cortiça na construção corrente medieval e quinhentista. Demandámo‑los em vão nas grandes sínteses europeias, desde o clássico de Chapelot e Fossier (Jean Chapelot e Robert Fossier, Le village et la maison au Moyen Âge, Paris, 1980) ao muito recente livro de Bernardi (Philippe Bernardi, Bâtir au Moyen Âge (XIII‑milieu XVIe siècle), Paris, 2011. Nas sínteses nacionais, não lobrigámos mais que uma única e curtíssima menção à “aplicação [da cortiça] na cobertura de casas e de currais para o gado”4. Se a ausência da cortiça nas primeiras não surpreende, perante a escassa atenção prestada pelas mesmas ao espaço português – aquele onde o sobreiro tem uma expressão mais alargada –, custa a entender por que, nas obras nacionais, a sua relevância, enquanto material de construção, é igualmente omitida. Talvez a nossa historiografia esteja demasiado amarrada à ideia comum de que a cortiça serve apenas para “fazer rolhas”, ou excessivamente submetida ao esquema tutelar do grande mestre Orlando Ribeiro, da dicotomia entre a “civilização do granito” no Norte de Portugal, e a civilização do barro” no Portugal Mediterrânico5, ao ponto de rasurar o que diverge do consagrado paradigma.


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