Opiniões#13

A formação académica em Jornalismo/Comunicação é essencial para o exercício da profissão. A articulação entre uma formação teórica sólida combinada com a componente prática tem de ser a base para os futuros jornalistas. Naturalmente que o cruzamento com outras áreas do saber não deve ser esquecido. E as Ciências da Comunicação são, por excelência, um campo interdisciplinar que problematiza de forma integrada os desafios que se colocam ao Jornalismo. Numa era em que a instantaneidade e a mobilidade dominam uma cada vez mais complexa sociedade, é impossível pensar a formação do Jornalismo meramente técnica ou desgarrada do complexo universo da Comunicação.

É hoje utópico pensar o ensino do Jornalismo/Comunicação sem a tecnologia. Excluindo obviamente um determinismo tecnicista, não concebo o ensino do Jornalismo/Comunicação sem recurso às novas tecnologias de uma forma integrada, tanto no domínio prático como no teórico. A utilização da tecnologia não é apenas uma exigência do mercado. É uma exigência global que nos permite expandir o conhecimento e a técnica da sala de aula para a rede e vice-versa.

Assumindo que as fronteiras entre a produção e a recepção são cada vez mais ténues, a universidade serve para dar aos futuros jornalistas uma sólida base prática que permitirá o exercício da profissão. Mas não há prática sem teoria. É impossível que a prática não reflita as bases fundamentais do Jornalismo. A universidade é, por excelência, um espaço de conhecimento. E é na universidade que os futuros jornalistas devem refletir de forma interdisciplinar sobre a sua futura profissão e o seu vasto contexto.

Há (ainda) quem defenda que a formação de um jornalista deve passar por outras áreas do saber. Na minha perspetiva, uma especialização noutra área será sempre complementar a uma formação de base em Jornalismo/Comunicação. A “tarimba” é importante e será sempre importante. Mas não substitui a formação. Teremos sempre os argumentos de que “antes era de outra forma”. Sem dúvida que sim. Não existia formação em Comunicação e as redações foram a formação de muitos jornalistas que, felizmente, reconheceram a importância da universidade e são hoje professores.

Nos tempos da faculdade, um professor (e jornalista) dizia-nos muitas vezes que não se ensinava a fazer Jornalismo mas a pensar sobre o Jornalismo e como fazer Jornalismo. Não tenho nenhuma dúvida de que é esse é o papel da universidade. Fornecer ferramentas para uma formação sólida que permita a simulação da prática de forma reflectida e problematizada.

As exigências do mercado de trabalho implicam a integração da prática simulada na formação académica. A integração num mercado de trabalho competitivo implica que os futuros jornalistas sejam capazes de se adaptar a um sector que está em permanente mutação. A universidade tem de ser capaz de dar uma resposta objetiva a estas exigências através de unidades curriculares práticas que potenciem a aquisição de experiência e competências em ambiente de trabalho simulado. No entanto, e porque o contexto de formação assim o permite, os laboratórios devem promover uma prática reflexiva da teoria. A formação académica em Jornalismo/Comunicação deve combinar a formação prática avançada com uma reflexão aprofundada sobre processos, conteúdos e produtos jornalísticos.

A articulação entre a Academia e a profissão parecem-me um requisito da formação em Jornalismo/Comunicação. Esta ligação pode e deve acontecer pela integração de profissionais no corpo docente, desenvolvimento de atividades curriculares com meios de comunicação social, assim como pela promoção de estágios extracurriculares. Considero que os estágios curriculares devem ser repensados. A inserção no contexto profissional não pode ser feita apenas em três meses, pelo que me parece absolutamente essencial que a formação prática dos futuros jornalistas seja complementada neste período. O estágio não pode ser o primeiro contacto com a prática. De forma alguma. Neste sentido, julgo que o estágio curricular deve ser mais um passo na formação dos jornalistas, dando continuidade a uma formação sólida.

Inês Amaral | UMinho | UAutónomaLisboa | ISMiguelTorga

Gil Ferreira
Director Curso Comunicação Social ESEC
Investigador Sociologia da Comunicação

GF preconiza uma colaboração estreita entre academia e mundo profissional porque ambas as entidades devem buscar o mesmo objetivo: a qualidade da ação profissional quotidiana. O docente-investigador enaltece as vantagens da formação específica para o exercício da profissão. Ler mais

Mais que formar um indivíduo tecnicamente competente, a academia formará indivíduos habilitados com competências para atribuir sentido (social, político, cultural) à sua acção, e ao mesmo tempo mais preparados para interpretar o vasto sistema (profissional, social, económico, político…) em que actuam e que lhe  constrangem os movimentos.

 

Maria Miguel Cabo
Jornalista SIC
Licenciada em CC pela UNL e Mestre pela ULHT

MMC regista a necessidade de existir uma complementaridade entre a academia e o mundo profissional. A jornalista reclama uma absorção, nas redações, da dinâmica académica. Ler mais

 A ausência de diálogo e reflexão, que tantas vezes impera nas próprias redações, deve ser combatida entre os profissionais e promovida junto dos alunos. Nesse sentido, acredito que a interação entre a academia e as empresas só tem a ganhar. Os estágios finais são um exemplo, mas a promoção de colóquios, fóruns e colaborações durante o curso poderá ser igualmente benéfica para os futuros jornalistas.

Notícias#6

“How Journalism Schools are Adjusting to the Digital Age”

Por sugestão de Manuel Pinto,  chega-nos uma reflexão de Danny Funt, um estudante da Columbia University, no âmbito do projecto The Experiment (a primeira edição da Columbia Journalism Review feita por estudantes).  Trata-se de um texto sobre a forma como as escolas de jornalismo têm procurado adaptar os seus curricula à “revolução” digital e pode ser lido na íntegra aqui.

“The challenge for journalism programs has always been balancing lofty intellectual and civic ambitions—what students ought to learn—with what the industry will ask of them. A digital upending has disturbed that balance, and the role of nurturing writing craftsmanship at J-schools risks being sold short.”

 

Trabalhos#4

junhoFoi lançado em maio de 2014 o documentário “Junho – O Mês que Abalou o Brasil”, da Folha de São Paulo, que retrata os protestos de junho de 2013 no Brasil e a forma como os media lidaram com esse momento histórico do país. Assumindo como objetivo o desenvolvimento de uma perspectiva crítica sobre os enquadramentos mediáticos, optei por incluir este documentário nas minhas aulas. A partir dele, temos discutido as narrativas jornalísticas, as várias possibilidades da experiência pública e a redefinição de opinião pública na era do imediatismo, e a influência dos dispositivos tecnológicos de mediação simbólica na interligação dos media com a opinião pública.

Inês Amaral | UAutónomaLisboa | ISMiguelTorga

Notícias#5

“Tips for aspriring journalists”

Uma entrevista a Mindy McAdams, que nos chega por sugestão de Manuel Pinto. O texto completo pode ser lido aqui.

“In a journalism school, we can’t really show you the whole universe for each topic – for technology reporting and business reporting and health reporting. You find out by accident because of the job you get.”

Números#3

Decréscimo acentuado de vagas nas Licenciaturas de Comunicação/Jornalismo

Na linha da diminuição do número de licenciaturas em Comunicação/Jornalismo, têm vindo a decrescer também as vagas, mas num ritmo mais acelerado: depois de um pico em 2007/2008 (2072 lugares disponíveis), foram decrescendo até ao actual ano lectivo (1298). A verificar-se a tendência de redução de cursos, é de esperar que se mantenha ou acentue o recuo das vagas.

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A contabilização dos cursos incorpora o ensino superior politécnico e universitário; privado e público. Foram considerados os cursos que integram o “jornalismo” ou o exercício da profissão de “jornalista” no seu “perfil de formação”, nas “saídas profissionais” ou como “ramo” ou “especialização”(a partir do que cada curso publica no respectivo site), independentemente do peso da componente de Jornalismo no seu plano de estudos. Estes dados não incluem as vagas dos cursos da U. Católica Portuguesa, porque não são publicamente divulgados.

Os dados de 1996/1997 foram deduzidos a partir do trabalho mais abrangente (área da Comunicação) de Mário Mesquita e Cristina Ponte, que pode ser consultado aqui. Para contabilizar os cursos nos restantes anos lectivos, foi consultado, a cada ano, o site da DGES.

Opiniões#12

1) Que vantagens vê numa formação académica em Jornalismo/Comunicação para o exercício da profissão de jornalista?

Tenho alguma dificuldade em responder a esta pergunta porque iniciei a minha carreira no Jornalismo numa altura em que a oferta de formação académica era muito escassa em Portugal e a profissão se aprendia pela prática, pela “tarimba”. Essa prática foi a base de toda a minha carreira e nunca senti que a falta de formação académica fosse um entrave para evoluir e progredir, dentro das empresas onde trabalhei. Ainda assim, a determinada altura da vida e da carreira, decidi procurar a formação académica para colmatar algumas falhas que comecei a sentir na minha rotina de trabalho, como a dificuldade em conseguir algum recuo no pensamento de mecanismos de funcionamento da profissão que deixamos de questionar, ou a necessidade de compreender o “outro lado” do Jornalismo. Daí que, dentro do curso de Ciências de Comunicação, tenha escolhido uma especialização em Publicidade e Relações Públicas. Isso ajudou-me a compreender melhor, por exemplo, o trabalho de assessoria de imprensa que, até aí, não conhecia tão bem e do qual, confesso, mantinha alguma distância, baseada na desconfiança natural entre jornalistas e assessores.

Daquilo que conheço da formação levada a cabo pelas universidades portuguesas, julgo existir o perigo dos alunos saírem para o mercado de trabalho com boas ferramentas para pensarem o Jornalismo, mas pouco conhecimento prático para o desempenhar plenamente. No contacto com estagiários, saídos de diferentes universidades, fico muitas vezes com a sensação que se eles tivessem formação académica noutras áreas científicas poderiam ser mais úteis às redacções onde se integram, apenas com alguma prática jornalística.

2) Que resposta deve a formação académica dar aos efeitos da associação do mercado e das novas tecnologias ao jornalismo?

A Academia deve, na minha opinião, formar profissionais preparados para enfrentar a realidade do mercado onde se vão integrar. E isso implica, claro está, uma adequação dos curricula. Isto não pode, no entanto, desvirtuar a formação de profissionais que garantam o exercício do Jornalismo, de acordo com os cânones que dele fazem um contribuinte fundamental para uma sociedade democrática, livre e independente.

No que às novas tecnologias diz respeito, a aprendizagem da sua utilização e, sobretudo, a adequação ao meio, é fundamental em qualquer tipo de formação académica. Tratando-se de um desafio relativamente novo para o próprio Jornalismo, uma vez que democratização da tecnologia potencia o aparecimento de novas formas de exercício da profissão, não deixa de ser um desafio também para o ensino do Jornalismo. Por se estar ainda a desbravar caminho nesta área, julgo que as universidades têm um papel preponderante na definição de rumos para uma nova geração de jornalistas.

3) Defende uma formação sobretudo técnica (estudo e prática da técnica profissional) ou alicerçada numa componente mais reflexiva (estudo do Jornalismo integrado no universo mais vasto da Comunicação)? Porquê?

Julgo que, num mundo ideal, uma formação que consiga levar aos alunos a dose certa de reflexão e prática jornalísticas, contribuirá para a formação de melhores profissionais. Partindo do meu próprio exemplo, em que a formação foi sobretudo prática e só (muito) mais tarde procurei enquadrar esse conhecimento quase empírico nos alicerces da Comunicação, defendo um ensino que confira aos estudantes a possibilidade de adquirirem as bases de uma formação teórica que lhes permita reflectir sobre a prática, mas também dominarem a técnica de forma a não se sentirem perdidos diante do mundo real. Penso que as universidades ainda não conseguiram este equilíbrio e a falta de profissionais “no activo”, no corpo docente de grande parte das instituições de ensino superior, faz resvalar a formação para uma componente teórica, mais próxima da investigação na área das Ciências da Comunicação, do que da prática do Jornalismo.

4) Que ligação deve existir entre a academia (cursos de Jornalismo/Comunicação) e a profissão, durante o período lectivo e na fase de estágio?

Uma ligação bidireccional, estreita e de compromisso permanente, durante todas as fases de aprendizagem, lectivas ou de estágio. As universidades deviam recorrer com mais frequência a profissionais do Jornalismo na orientação de aulas práticas, que facilitem o contacto dos estudantes com a realidade das redacções.

Na fase de estágio curricular, pela experiência que tenho, muitas vezes os estudantes são “largados” num ambiente que lhes é completamente desconhecido e até hostil, dependendo o sucesso da experiência, da força de vontade do próprio e da boa vontade do orientador, que tem de acumular o acompanhamento do estágio com o normal desempenho da sua função na redacção. É também nesta fase que os laços com a academia me parecem necessitar de maior reforço, porque os estudantes se dão conta da fragilidade do conhecimento adquirido, no confronto com a realidade.

Duarte Valente | UMinho | Jornalista RTP

Números#2

Aumento significativo de Mestrados e Doutoramentos em Comunicação/Jornalismo

Ao contrário da tendência apurada para as Licenciaturas, os dados apontam para um aumento do número de Mestrados e Doutoramentos na área da Comunicação/Jornalismo. Depois de um crescimento acentuado dos Mestrados entre 1996/1997 (data da primeira aferição) e o ano de adaptação de toda a oferta a Bolonha (2007/2008), segue-se um período (2007/2008 a 2014/2015) em que aumenta não só o número de Mestrados, mas também o de Doutoramentos na área.

Só o acompanhamento da evolução deste indicador ao longo dos próximos anos permitirá aferir se estamos perante um momento de estabilização (ou eventual decréscimo) ou ainda numa fase de crescimento da oferta a este nível.

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A contabilização dos cursos incorpora o ensino superior politécnico e universitário; privado e público. Foram considerados os cursos que integram o “jornalismo” ou o exercício da profissão de “jornalista” no seu “perfil de formação”, nas “saídas profissionais” ou como “ramo” ou “especialização”(a partir do que cada curso publica no respectivo site), independentemente do peso da componente de Jornalismo no seu plano de estudos.

Os dados de 1996/1997 foram deduzidos a partir do trabalho mais abrangente (área da Comunicação) de Mário Mesquita e Cristina Ponte, que pode ser consultado aqui. Para contabilizar os cursos nos restantes anos lectivos, foi consultado, a cada ano, o site daDGES.

Opiniões#11

1) Que vantagens vê numa formação académica em Jornalismo/Comunicação para o exercício da profissão de jornalista?

Não gostaria de responder a questão em termos de vantagens. Trata-se, a meu ver, de uma exigência. Numa sociedade em que se verifica uma crescente especialização das áreas do saber, não podemos continuar a pensar que o jornalismo pode continuar a não assentar 1) numa formação superior, 2) numa formação especializada que passa pela formação em jornalismo. Nos anos 60 do século XX dizia-se que a Comunicação era como uma encruzilhada em que todos passavam e ninguém se detinha. A minha experiência, quer no jornalismo quer na academia, demonstrou-me que, devido à especialização que enfrentamos em todas as áreas do saber, é necessário que alguém se ocupe dos saberes essenciais que atravessam essa encruzilhada da Comunicação. Percebo que se possa sustentar que as redações podem ter profissionais do Direito, da Sociologia, da Economia… mas esse aspeto não exclui, por um lado, que esses profissionais acumulem a sua formação como uma área no jornalismo, procurando perceber as questões essenciais da teoria entretanto produzida; nem exclui, por outro lado, profissionais com uma forte formação interdisciplinar que os habilite a perceber a complexidade dos discursos que se cruzam na área da comunicação. Por isso, considero, hoje, gongórica a discussão em torno da necessidade de uma formação em jornalismo. Por isso, também, considero que a questão não se coloca já no plano das vantagens: é uma exigência ética de uma profissão com um forte pendor de serviço público.

2) Que resposta deve a formação académica dar aos efeitos da associação do mercado e das novas tecnologias ao jornalismo?

Defendo que a formação académica,  em qualquer área, não deve andar a reboque do mercado. Para isso existem os centros de formação especializada, cujo papel não se deve esquecer. Fazê-lo – andar a reboque do mercado – significa  reconhecer que a comunicação e o jornalismo não produziram, ao longo das últimas décadas, um saber próprio relevante capaz de afirmar uma autonomia em torno de saberes essenciais da área.

Relativamente às tecnologias, penso que elas fazem parte do saber da comunicação e do jornalismo. É impossível perceber as sociedades contemporâneas sem perceber o papel das tecnologias. Uma forma de o fazer é explicá-las, discuti-las e aplicá-las. Dito de outro modo, assim como não concebo uma formação em jornalismo puramente teórica, também não concebo uma formação puramente técnica. Sempre considerei que as velhas divisões entre teoria e prática resultam essencialmente de idiossincrasias formativas erradas, de quem só consegue dar uma formação de lápis e papel e se refugia na teoria, ou de quem, numa lógica de mercado, apostou nas tecnologias mas não as consegue pensar. Por vezes, fico com a sensação de que esta discussão resulta mais de uma incapacidade que não ousa dizer o seu nome, do que divergências acerca de projetos formativos sérios e honestos. Ainda assim, gostaria de dizer que consigo conceber, ao nível da especialização avançada, percursos formativos essencialmente teóricos e, nalguns casos, sobretudo técnicos. Espero com isto não incomodar Kant no seu merecido e respeitável descanso, mas diria que no jornalismo os conceitos sem conteúdos são vazios e as técnicas sem conceitos são cegas.

3) Defende uma formação sobretudo técnica (estudo e prática da técnica profissional) ou alicerçada numa componente mais reflexiva (estudo do Jornalismo integrado no universo mais vasto da Comunicação)? Porquê?

Penso que a questão ficou em grande medida respondida atrás. Acho imprescindível a componente reflexiva, tanto mais que – sobretudo para os alunos que enveredam pelo jornalismo – as redações tendem a perder cada vez mais essa dimensão, que reputo de essencial na comunicação e no jornalismo. Mas considero inaceitável que alguém que se formou nestas áreas não conheça o essencial da técnica profissional. Aliar a dimensão reflexiva e a dimensão técnica é mais do que criar um bom profissional. É também criar as condições essenciais para que o jornalismo possa progredir e renovar-se. Esse é um desafio do jornalismo nos tempos que correm.

4) Que ligação deve existir entre a academia (cursos de Jornalismo/Comunicação) e a profissão, durante o período lectivo e na fase de estágio?

Penso que essa ligação é importante sobretudo ao nível do Estágio. Infelizmente, em Portugal, temos poucas universidades que possam recriar modelos formativos que, mesmo aproximadamente, reflitam o ambiente de uma redação. E já que falamos tanto em sociologia do jornalismo – e bem –, é importante que os alunos tenham essa experiência nos Estágios.

Penso que o modelo de estágio que conheço garante uma ligação modelar: 1) um protocolo assinado entre a academia e a entidade de acolhimento do estagiário, 2) um orientador da academia e um orientador no local de estágio, 3) a imersão do aluno nas tarefas da redação, 4) a elaboração de um relatório final, 5) e uma avaliação que reflita o trabalho desenvolvido na academia e na redação. O que pode não funcionar neste modelo tem a ver com pressupostos que por vezes não são cumpridos de parte a parte, nomeadamente: incapacidade dos orientadores se articularem entre si de modo a fazerem um efetivo acompanhamento do aluno, por razões que, por vezes, escapam aos próprios orientadores.

Permitam-me que acrescente mais uma coisa que vai para além da pergunta. Na realidade, parece-me que a questão surge muitas vezes deslocada quando pensamos apenas em alunos. A ligação entre academia e o jornalismo deveria passar também pelos professores e jornalistas, através de intercâmbios, de visitas, experiências, debates etc.

Carlos Camponez | UCoimbra

Adelino Gomes
Jornalista e académico
Participou ativamente na formação de diversas gerações de jornalistas, permanecendo como uma das referências maiores junto da comunidade jornalística. 

AG atribui vantagens competitivas à formação em comunicação no acesso ao mercado profissional, mas o jornalista-investigador admite, igualmente, a existência de perfis mais multidisciplinares. Ler mais

Uma das maiores vantagens da formação académica em Jornalismo/Comunicação será a de que o candidato começou, mais cedo e de forma academicamente tutelada, a problematizar questões específicas da comunicação mediada e do exercício profissional. Mas também vejo com muito bons olhos a presença numa redacção de gente oriunda de outras disciplinas.​

 

Carla Baptista
Docente-investigadora UNL
Especialização – história do jornalismo

CB assume que academia e mundo profissional devem cultivar a autonomia, mas discorre sobre a necessidade de um aprofundamento de laços entre os dois mundos. A esse propósito, a docente -investigadora sugere o envolvimento de profissionais na docência, em todos os ciclos de estudo. Ler mais

A integração de profissionais na docência, em todos os ciclos de estudo, a oferta de cursos livres ministrados por profissionais, o desenvolvimento de unidades curriculares voltadas para a prática jornalística e o estabelecimento de parcerias ao nível da investigação e da produção de conteúdos jornalísticos semi-profissionais são formas de reduzir a distância entre o mundo académico e o mundo profissional que ainda carecem de mais interesse e aposta.

 

Ana Caiola
Aluna de CC UNL

AC critica o distanciamento entre o curso que frequentou e o mundo profissional. A aluna defende o reforço da componente prática nos modelos formativos. Ler mais

Creio que a formação académica deve contribuir para uma formação mais virada para a prática, promovendo uma ligação entre as novas tecnologias de informação e o jornalismo, que tem que acompanhar a evolução dessas mesmas tecnologias, para que não se torne antiquado e desatualizado.