Pedro CoelhoProfessor Auxiliar Convidado
FCSH | UNovaLisboa
Grande Repórter Universo SIC TV
Gosto de me auto classificar “Jornalista de Fronteira”. A Universidade transformou-se no prolongamento da minha ação quotidiana: atribui-lhe um lugar próprio de questionamento, que a proximidade do objeto desfoca; participa na busca permanente de um sentido para o jornalismo, nos dias em que todos sentem que podem ser jornalistas; alarga as fronteiras do jornalismo que pratico e, simultaneamente, precisa-lhe os contornos.
O desejo de estudar o ensino do jornalismo para, eu próprio, justificar a sua essência, salvaguardando a profissão que escolhi, terá começado a despertar num já longínquo 1988 quando, pela primeira vez, saído de fresco da academia, entrei (para ficar) numa redação.
Sei hoje que o curso na área é a porta de entrada mais utilizada no acesso à profissão. São mais as pontes, maiores os laços, menor a desconfiança dos profissionais, a maioria com as mesmas origens. Mas terá diminuído, de facto, a dimensão do fosso entre os dois mundos paralelos (jornalismo e academia) que observei no momento em que cheguei à profissão? Não estará a universidade a ser mera fornecedora de mão-de-obra qualificada, pronta a usar e disponível para ser moldada pelo mercado?
O abraço forte que pratico entre jornalismo e academia deixa-me assim, neste desassossego, umas vezes emparedado entre a arrogância académica e a arrogância jornalística, outras tendo o privilégio de contribuir para reforçar as pontes que despontam. Este site/blog assume esse desafio.
Sandra Marinho
Professora e Investigadora ICS | CECS | UMinho
Se tivesse de me definir, nos termos em somos chamados a definir-nos quando se discute a formação em Jornalismo, teria de dizer que sou uma “académica”: ano e meio de profissão não justificam o “ex-jornalista”. Sou uma académica que gosta muito de Jornalismo e de conversar com jornalistas: saber o que fazem, como fazem e por que fazem. E aprendo muito com estas conversas.
Talvez por isso, dediquei os últimos 10 anos a estudar a formação nesta área (a que existe, a que devia/podia existir…), enquanto trabalho com futuros jornalistas, com quem também aprendo muito sobre isto de “ensinar” alguém a exercer esta profissão. E coloco aspas no “ensinar”, porque continuo convencida de que só se aprende realmente a ser jornalista numa redacção. O mesmo poderia, de resto, ser dito de qualquer outra profissão. Tenho bem presente que continuo a aprender a ser professora numa sala de aula.
Isto não invalida, contudo, o enorme contributo que vem de uma formação superior na área: dá um claro “avanço” a quem a tem. E, a julgar pela composição das redacções em Portugal, não serei a única a pensar desta forma. Esta é uma vantagem cada vez mais relevante, se levarmos em conta que há hoje menos disponibilidade para “ensinar” nas redacções. Não por falta de vontade de quem chega e de quem lá está, mas por falta de tempo.
E por tudo isto, e porque o Jornalismo tem um papel determinante nas nossas vidas, acredito que temos de conversar (todos) sobre a forma como os jornalistas se formam. Espero que este site seja um bom lugar para isso.