Chamada para revista Revista Lusófona de Estudos Culturais sobre Museus, coleções e exposições, coloniais, anticoloniais e pós-coloniais

A Revista Lusófona de Estudos Culturais / Lusophone Journal of Cultural Studies abre chamada de trabalhos para o volume 7, no. 2, Museus, coleções e exposições, coloniais, anticoloniais e pós-coloniais. Os editores são os professores Moisés de Lemos Martins (CECS, Universidade do Minho, Portugal), João Sarmento (CECS, Universidade do Minho, Portugal) e Alda Costa (Universidade Eduardo Mondlane, Moçambique), membros do projeto Cultures Past&Present.

O encontro dos públicos com objetos de arte, num determinado espaço, tem uma história longa e complexa. Constitui um desafio hermenêutico, que se vai alterando, de época para época, de acordo com as necessidades do tempo e os objetivos de cada sociedade e cultura. Neste encontro da arte com o tempo e os públicos, um encontro que tem tanto de complexo como de flutuante, os museus, as coleções e as exposições projetam representações do mundo e narrativas da vida de comunidades humanas, que obedecem aos padrões das mais diversas curadorias, muitas vezes de sinal contrário.

Os museus, as coleções e as exposições são sempre regulados por objetivos políticos e programáticos. Por essa razão, abrem-se a múltiplas interpretações. Sejam da iniciativa de Estados nacionais, ou então da iniciativa de forças revolucionárias, e mesmo de movimentos contra-revolucionários, sejam de apoio a regimes constituídos, ou pelo contrário indo no sentido de alterarem a ordem estabelecida, museus, coleções e exposições obedecem a um regime de verdade, que tanto constitui a condição de possibilidade das representações que uma dada comunidade faz de si mesma e da sua época, como formula possibilidades de sentido para o entendimento do que é o humano.

No caso das exposições, que se organizam para tempos pré-definidos e que deixam memórias, mais ou menos fortes, de pacificação e conexão, ou então de rutura e afastamento, o estudo dos materiais que sobrevivem, sejam memórias, artefactos, catálogos, notícias ou cartazes, ainda que incapazes de reproduzir a experiência das exposições, permitem a constituição de registos sobre as construções discursivas que estiveram na sua origem.

Este número da Revista Lusófona de Estudos Culturais (RLEC) procura explorar todas estas dimensões dos museus, coleções e exposições – as suas representações, narrativas e memórias, quando se cruzam com o colonial, o anticolonial e o pós-colonial, ou seja, com o resgate, a denúncia e a representação da subalternidade, e também com a legitimação de movimentos sociais.

Pretendemos reunir estudos que tenham em linha de conta a análise, tantos de museus, como de coleções e exposições dos Estados coloniais, e que se alarguem também aos museus e às exposições contemporâneas pós-coloniais. O nosso propósito é o de que sejam analisados, tanto os grandes projetos de Estado, em lugares oficiais de destaque, como as pequenas exposições de galerias privadas, alternativas, que envolvam os mais diversos atores públicos, privados ou de organizações não governamentais.

Para este número da Revista Lusófona de Estudos Culturais (RLEC) aceitam-se contributos sobre museus, coleções e exposições, questionando identidades e memórias, coloniais, anticoloniais e pós-coloniais. 

Data-limite de submissão: 6 de maio de 2020 prorrogada até 20 de maio  de 2020
Notificação das decisões de aceitação: 27 de julho de 2020
Data limite para envio da versão completa e traduzida: 21 de setembro de 2020
Data de publicação da revista: dezembro de 2020

Mais informações: aqui.

Seminário Interdisciplinar, organizado pelo Projeto, discute interculturalidade e consciência histórica

O Seminário Interdisciplinar Interculturalidades e consciência histórica: desafios atuais para a cidadania será realizado no dia 20 de março e reúne diversos investigadores para partilharem experiências em torno dos estudos sobre consciência histórica, representações sociais, narrativa, identidade, memória cultural e práticas e experiências no sistema educativo, pensando nas dimensões interculturais, transnacionais e globais atuais. O Seminário será realizado na Sala de Atos do ICS, na Universidade do Minho, das 14 horas às 17 horas.

Esta atividade é organizada pelo Projeto Memórias, culturas e identidades: o passado e o presente das relações interculturais em Moçambique e Portugal, pelo Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade (CECS) e o Laboratório de Paisagens, Património e Território (LAB2PT).

A entrada é gratuita sujeita a inscrição: cultures_past_present@ics.uminho.pt

O Seminário conta com a participação de Alberto Sá, Francisco Mendes, Isabel Macedo, Jacob Cupata, Marília Gago, Moisés de Lemos Martins e Rosa Cabecinhas e mediação de Sheila Khan e Alice Balbé.

Notas biográficas:

Alberto Sá: Professor Auxiliar do Departamento de Ciências da Comunicação, onde é vice-diretor, e ensina nas áreas do audiovisual, do multimédia, e no design de comunicação e de publicação digitais. Licenciado em História e Ciências Sociais (Ensino) e com Mestrado em História Urbana Medieval, doutorou-se em Ciências da Comunicação pela Universidade do Minho, em 2012. É investigador do CECS (Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade) onde tem desenvolvido trabalho de investigação sobre os estudos da memória, em particular a mediação tecnológica da memória na era digital. É membro da equipa de investigação do projeto AUDIRE (Audio Repositório: guardar memórias sonoras) e integra o projeto Moda (“Monitoring Online Discourse Activity”). Foi co-líder do Working Group 2 do projeto e-COST Action IS1205 (“Social psychological dynamics of historical representations in the enlarged European Union”). É coordenador de evento científico-cultural CURTAS CC (Mostra de trabalhos de Audiovisual e Multimédia dos alunos de licenciatura e mestrado de Ciências da Comunicação – Universidade do Minho). Participa, atualmente, num estudo coletivo sobre o colonialismo e as lutas de libertação presentes nos manuais de história de Moçambique, sob uma perspetiva diacrónica.

Alice Balbé: Investigadora do Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade (CECS) e do projeto Memories, cultures and identities: how the past weights on the present-day intercultural relations in Mozambique and Portugal? Doutorada em Ciências da Comunicação pela Universidade do Minho e seus interesses de pesquisa incluem representações, lusofonia, comunicação ambiental e redes sociais digitais.

Francisco Mendes: Professor de Teoria da História no Departamento de História do Instituto de Ciências Sociais da Universidade do Minho. Investigador do Laboratório de Paisagens, Património e Território (Lab2PT).  Integra, atualmente, um projeto internacional de reforma curricular do Ensino Básico da Guiné-Bissau (RECEB), numa parceria entre o Instituto Nacional para o Desenvolvimento da Educação da Guiné-Bissau (INDE) e a Universidade do Minho.  Coordenou recentemente dois números temáticos: Silva, M.C., Khan, S., Mendes, F.A., coord.  (2016). «Sociedade, autoridade e pós-memórias». Configurações, 17; Soares, F., Mendes, F. A., coord. (2020). «História dos conceitos e história intelectual: conexões teórico-metodológicas». História. Debates e tendências, v. 1 n. 20.  Contactos: fmendes@ics.uminho.pt.

Isabel Macedo é doutorada em Estudos Culturais pela Universidade do Minho e Universidade de Aveiro, na área da Comunicação e Cultura. A sua tese de doutoramento intitula-se “Migrações, memória cultural e representações identitárias: a literacia fílmica na promoção do diálogo intercultural”. É investigadora do Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade e integra várias associações nacionais e internacionais na área da comunicação, da educação e da cultura visual. Co-editou a revista Comunicação e Sociedade, 34, dedicada ao tema “Ciências da Comunicação e Estudos Lusófonos” e a Vista – Revista de Cultura Visual, 2, intitulada “Memória Cultural, Imagem, Arquivo”. Alguns dos seus principais trabalhos são: “Representations of Dictatorship in Portuguese Cinema” (2017), em co-autoria; “Interwoven migration narratives: identity and social representations in the Lusophone world” (2016), em co-autoria, e “Os jovens e o cinema português: a (des)colonização do imaginário?” (2016).

Jacob Lussento Cupata: Licenciado em Ciências da Educação na opção do Ensino da História pela Universidade Agostinho Neto, Mestre em Relações Interculturais pela Universidade Aberta de Lisboa, Docente Assistente no Instituto Superior de Ciências da Educação do Cuanza Sul (ISCED/CS) da Universidade Katyavala Bwila (UKB), leccionando as disciplinas de História de África, Praticas Pedagógicas e Antropologia Cultural. Está a desenvolver o projecto de pesquisa doutoral em Estudos Culturais, sob o tema “Representações sociais da História de África no sistema educativo angolano”.

Marília Gago: Professora de Metodologia do ensino de História e de Estágio Profissional no Mestrado de ensino da História do Departamento de Estudos Integrados de Literacia, Didática e Supervisão do Instituto de Educação da Universidade do Minho. Investigadora do Centro de Investigação Transdisciplinar “Cultura, Espaço e Memória (CITCEM-Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Integra, atualmente, um projeto internacional de reforma curricular do Ensino Básico da Guiné-Bissau (RECEB), numa parceria entre o Instituto Nacional para o Desenvolvimento da Educação da Guiné-Bissau (INDE) e a Universidade do Minho. Doutoramento em Educação, Metodologia do ensino de História e Ciências Sociais e Mestrado e pós-doutoramento no âmbito do Projeto de Investigação Consciência Histórica: teoria e práticas II, financiado pela FCT. Contactos: mgago@ie.uminho.pt

Moisés de Lemos Martins: Professor Catedrático da Universidade do Minho é o Diretor do Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade (CECS) da Universidade do Minho, que fundou em 2001. Doutorou-se em Ciências Sociais na Universidade de Ciências Humanas de Estrasburgo, em 1984. Ensina e investiga em semiótica social, sociologia da comunicação e da cultura, comunicação intercultural, estudos lusófonos. É Diretor da revista Comunicação e Sociedade e também da Revista Lusófona de Estudos Culturais. Em termos associativos, foi Presidente da Sopcom, Confibercom e Lusocom. Entre a sua obra constam: Crise no Castelo da Cultura (2011); L’imaginaire des médias (com Michel Maffesoli, 2011), Portugal Ilustrado em Postais (com Madalena Oliveira, 2011); Caminhos nas Ciências Sociais (2010); Comunicação e Lusofonia (com Helena Sousa e Rosa Cabecinhas, 2006); A Linguagem, a Verdade e o Poder (2002); O Olho de Deus no Discurso Salazarista (1990).

Rosa Cabecinhas: Diretora do Programa Doutoral em Estudos Culturais na Universidade do Minho. É professora no Departamento de Ciências da Comunicação do Instituto de Ciências Sociais e investigadora do Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade. Tem desenvolvido investigação de natureza interdisciplinar e integra várias associações nacionais e internacionais nas áreas da comunicação, psicologia, educação e estudos culturais. Os seus principais interesses de investigação conjugam as áreas da comunicação intercultural, memória social, representações sociais, identidades sociais, discriminação social e diversidade. Entre as suas obras, destacam-se os seguintes livros: “Preto e Branco: A naturalização da discriminação racial” (2017, 2a edição) e, em co-autoria “Comunicação Intercultural: Perspectivas, Dilemas e Desafios” (2017, 2a edição). ORCID: https://orcid.org/0000-0002-1491-3420

Sheila Khan: Socióloga, investigadora do Centro Estudos de Comunicação e Sociedade, Universidade do Minho. Doutorada em Estudos Étnicos e Culturais pela Universidade de Warwick, tem, no seu percurso académico, centrado a sua atenção nos estudos pós-coloniais, com especial enfoque nas relações entre Moçambique e Portugal, incluindo a questão dos imigrantes moçambicanos em Portugal. De entre os temas que tem trabalhado inclui-se a história e a literatura moçambicana e portuguesa contemporâneas, narrativas de vida e de identidade a partir do Sul global, autoridades de memória e de pós-memória. É de destacar os seus recentes livros, “Portugal a Lápis de Cor: A Sul de uma pós-colonialidade” (Almedina, 2015); “Visitas a João Paulo Borges Coelho: leituras, diálogos e futuros” (et al., 2017, Colibri); “Mozambique on the Move: Challenges and Reflections” (com Paula Meneses e Bjorn Bertelsen, Brill, 2018). Atualmente, investigadora doutorada do projeto financiado pelo Conselho Europeu de Investigação, EXCHANGE e membro da equipa de investigação do projeto FCT/Aga Khan sobre as relações interculturais entre Moçambique e Portugal.