Lusofonia(s) Hoje: Timor-Leste e a idealização de um espaço lusófono
Resumo
Este artigo reflete acerca das representações que o termo lusofonia tem incorporado, procurando analisar o(s) seu(s) percurso(s) numa viagem algo conturbada e ao longo da qual se têm (des)encontrado vozes, que, de algum modo, procuram um ponto de interseção na complexidade identitária, cultural e linguística que o conceito tende a mitificar.
Timor-Leste, o mais recente país de língua oficial portuguesa (LOP) a integrar a CPLP e a (re)integrar o "mundo lusófono" renasce em plena era de globalização, após 24 anos de violento extermínio cultural e linguístico, reclamando o que considera seu por direito histórico e passado comum – a língua portuguesa e com ela, a reinvenção da sua identidade. Este renascimento vem procurar uma reintegração num espaço que já foi o seu, reingressar numa História que já foi a sua e recuperar memórias numa língua que também já lhe pertenceu. Num país em que os vocábulos iniciados por "re-" têm um significado especial e em que reconstruir é a palavra de ordem, surge-nos a ela associada a reintrodução da língua portuguesa, através da qual vem tudo o resto.
A lacuna histórica de 24 anos é por muitos, e não raras vezes, ignorada criando a ilusão de que estamos a dar continuidade a um processo e não a reconstruí-lo de raiz. As novas tecnologias, a livre mobilidade, as oportunidades económicas, académicas e sociais vêm conferir uma perspetiva completamente nova e diferente daquela que existia relativamente à importância e estatuto de uma língua.
Coloca-se então a seguinte questão que pode ser igualmente interpretada como um verdadeiro desafio – que lusofonia(s) pode(m) aproximar, respeitando memórias, especificidades e culturas tão diversas, o que é tão disperso geograficamente, concretizando na realidade um projeto que, hoje, satisfaça todos os que partilham um passado, um presente e que perspetivam um futuro associado à língua portuguesa?
Timor-Leste, o mais recente país de língua oficial portuguesa (LOP) a integrar a CPLP e a (re)integrar o "mundo lusófono" renasce em plena era de globalização, após 24 anos de violento extermínio cultural e linguístico, reclamando o que considera seu por direito histórico e passado comum – a língua portuguesa e com ela, a reinvenção da sua identidade. Este renascimento vem procurar uma reintegração num espaço que já foi o seu, reingressar numa História que já foi a sua e recuperar memórias numa língua que também já lhe pertenceu. Num país em que os vocábulos iniciados por "re-" têm um significado especial e em que reconstruir é a palavra de ordem, surge-nos a ela associada a reintrodução da língua portuguesa, através da qual vem tudo o resto.
A lacuna histórica de 24 anos é por muitos, e não raras vezes, ignorada criando a ilusão de que estamos a dar continuidade a um processo e não a reconstruí-lo de raiz. As novas tecnologias, a livre mobilidade, as oportunidades económicas, académicas e sociais vêm conferir uma perspetiva completamente nova e diferente daquela que existia relativamente à importância e estatuto de uma língua.
Coloca-se então a seguinte questão que pode ser igualmente interpretada como um verdadeiro desafio – que lusofonia(s) pode(m) aproximar, respeitando memórias, especificidades e culturas tão diversas, o que é tão disperso geograficamente, concretizando na realidade um projeto que, hoje, satisfaça todos os que partilham um passado, um presente e que perspetivam um futuro associado à língua portuguesa?
Palavras-chave
Lusofonia; globalização; português; Timor-Leste
Texto Completo:
PDF
...............................................................................................................
.:: LASICS ::.
Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade (CECS)
Universidade do Minho